BRASÍLIA — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai cumprir essa semana um roteiro no Amapá, estado do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União). Será acompanhado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).
A viagem é um gesto de Lula pela reaproximação de Silveira, que foi senador e aliado, mas hoje tem Alcolumbre como adversário político. A viagem acontece após Lula contrariar a pretensão do presidente do Senado e garantir a permanência de Silveira no governo.
Havia um cenário de crescente especulação sobre troca no MME e uma eventual ida de Silveira para o Planalto. O ministro está em uma posição singular, ocupando uma das três das cadeiras do PSD, mas sem apoio do partido. É, por outro lado, um dos ministros mais próximos de Lula.
“Eu posso falar pra você, em alto e bom som: ele será mantido ministro. Não há porque mexer com uma coisa que está fazendo uma revolução no setor energético brasileiro e no setor de minas deste país”, defendeu Lula em entrevista a rádio de Belo Horizonte na semana passada.
Lula entra agora em um esforço de conciliação. A agenda é voltada para o setor de energia e inclui a inauguração de obras de linha de transmissão.
No Oiapoque (AP), a Petrobras está concluindo obras de uma base que faz parte do licenciamento ambiental para a perfuração na Foz do Amazonas.
Pela manhã, dando início as ações voltadas para o Amapá, Lula afirmou à Rádio Diário FM, de Macapá, que o “Ibama é um órgão do governo e parece que atua contra o governo”.
A fala é uma crítica à indefinição quanto à licença ambiental e falta de resposta à análise do pedido de reconsideração da Petrobras para a perfuração de poço exploratório na bacia da Foz do Amazonas.
Esta é a segunda vez que o presidente fala, de forma espontânea — sem ser questionado sobre o assunto — sobre a exploração de petróleo na margem equatorial. Na semana passada, em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, também fez questão de comentar o assunto.
“Na semana que vem, ou esta semana ainda, vai ter uma reunião da Casa Civil com o Ibama e nós precisamos autorizar que a Petrobras faça a pesquisa. É isso que nós queremos, se depois a gente vai explorar, é outra discussão. O que não dá é para a gente ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo”, reforçou Lula.