diálogos da transição

A mensagem do O&G brasileiro para a COP30

Pressão política para liberar projeto da Petrobras na Foz do Amazonas aumenta, enquanto Brasil se prepara para sediar cúpula do clima

A mensagem do O&G brasileiro para a COP30 (Foto: Apex Brasil)
Pavilhão do Brasil na COP29, no Azerbaijão, convidando para a COP30 | Foto: Apex Brasil

NESTA EDIÇÃO. IBP quer levar à cúpula climática a mensagem de que o Brasil deve seguir explorando petróleo para ofertar óleo com menor intensidade de carbono ao resto do mundo.

Pressão política para liberar projeto da Petrobras na Foz do Amazonas aumenta, justamente no ano em que o país preside evento dedicado a discutir a transição dos combustíveis fósseis.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O potencial do Brasil como exportador de petróleo eficiente em carbono é a mensagem que o IBP pretende levar à 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP30), prevista para novembro de 2025 em Belém (PA). 
 
O IBP vai defender a continuidade da exploração e produção de óleo no Brasil, baseado em um estudo feito em parceria com a consultoria Catavento e o Instituto Clima e Sociedade (iCS), sugerindo que o abandono das atividades de extração deve ser guiado fatores como competitividade de custo, pegada de carbono e segurança energética
 
A tese central é que o petróleo brasileiro, por ser de alta qualidade, com baixo teor de enxofre e baixas emissões de CO2, deve permanecer como uma opção viável, segura e estratégica na transição energética global. Com isso, o país continuaria sentado à mesa do óleo do futuro.
 
“Se o petróleo vai estar presente, tem que ser o petróleo brasileiro. Essa é a tese. Porque o nosso petróleo é um petróleo competitivo, alta qualidade, baixo enxofre, baixa emissão de CO2”, defende Roberto Ardenghy, presidente do IBP, em entrevista à agência eixos.
 
O IBP também levará à COP30 exemplos de tecnologias avançadas em descarbonização desenvolvidas pelo setor, como captura, armazenamento e utilização de CO2 (CCUS), o uso de hidrogênio e a geotermia. 
 
São soluções, no entanto, que vêm lutando para ganhar escala e competitividade, em meio a uma preferência do mercado por indústrias maduras como solar, eólica, armazenamento e veículos elétricos.
 
“O setor de óleo e gás tem coisas impressionantes sendo feitas em termos de tecnologia, como biocombustíveis, hidrogênio e eólicas offshore. Não queremos ficar fora do debate”, diz Ardenghy. Leia na matéria de Gabriel Chiappini



lobby fóssil não é uma novidade nas COPs. As últimas conferências climáticas no Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão, países cujas economias dependem dos hidrocarbonetos, foram marcadas pela forte presença de representantes dessas indústrias – chegando a superar as delegações de muitos países.
 
Na COP brasileira, essa defesa pela continuidade dos investimentos em novas fronteiras de petróleo ocorre no contexto de discussão sobre a exploração pela Petrobras da Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas.
 
O pedido de licença para a perfuração em águas profundas no Amapá foi negado pelo Ibama em 2023 e passa por nova análise desde então. 
 
Em dezembro de 2024, a petroleira iniciou a construção da Unidade de Estabilização e Despetrolização em Oiapoque (UED-OIA), um dos pedidos do órgão ambiental. A expectativa era obter a licença ainda no primeiro trimestre de 2025, mas o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, diz que não há previsão.
 
A eleição de Davi Alcolumbre (União/AP) para a presidência do Senado renovou a pressão pela liberação do bloco.
 
O empreendimento, que contou com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no passado recente, também é defendido pelo presidente Lula (PT), sob o argumento de que o Brasil deve explorar suas riquezas – apesar de cientistas do clima alertarem para os riscos de continuar extraindo e queimando combustíveis fósseis
 
Está, inclusive, junto com o fracking (fraturamento hidráulico), que faz parte dos planos do governo para abertura de novas frentes de produção, especialmente para extração de gás não convencional.
 
Se tudo der certo (ou errado, depende do ponto de vista), esta pode ser sim mais uma COP do petróleo com a licença para a Foz do Amazonas saindo pertinho de quando e onde o mundo se reunirá para discutir a implementação dos seus planos de combate às mudanças climáticas.


ONS descarta risco de apagão. O operador divulgou uma nota na segunda (10/2) afirmando que o sistema elétrico brasileiro “é robusto e segue operando com confiança”, mas reconheceu que o aumento da geração distribuída e a inversão de fluxo de potência em algumas subestações são fenômenos que precisam ser tratados, em conjunto com a EPE, o MME e a Aneel.
 
Chuvas em SP. A Enel SP informou que 76,7 mil consumidores ficaram sem energia elétrica em sua área de concessão, após o temporal que atingiu São Paulo na tarde desta segunda-feira (10/2). O montante corresponde a 0,93% da quantidade de clientes da empresa.
 
Leilão das térmicas. O Leilão de Reserva de Capacidade de 2025 surge como uma oportunidade para que térmicas existentes possam negociar no leilão projetos de ampliação de capacidade. Portaria normativa publicada na segunda (10/2) abre duas frentes: o agente poderá negociar a capacidade adicional em conjunto com a existente, como um único empreendimento, com contratos de dez anos; ou negociar apenas a capacidade adicional, como uma usina nova – cujos contratos serão, por sua vez, de 15 anos.
 
Fórum de Transição Energética. O MME reabriu, na segunda (10/2) o processo seletivo para associações do setor produtivo interessadas em compor o Fórum Nacional de Transição Energética (Fonte). As regras de seleção de representantes da sociedade civil para compor o plenário no biênio 2025/2026 também sofreram alterações. Confira
 
Carbono do mangue. A ExxonMobil e a Petronas anunciaram, separadamente, apoio a projetos de estudo de captura de carbono em ecossistemas costeiros no Brasil. No caso da ExxonMobil, a iniciativa vai avaliar o potencial de sequestro de carbono em manguezais, recifes de corais e gramas marinhas, no Pará, Ceará, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Já a Petronas está aportando R$ 8 milhões no projeto BlueShore do RCGI para mapear o potencial de captura de carbono dos manguezais brasileiros.
 
Eólica na petroquímica. A Casa dos Ventos vai fornecer energia eólica, durante 15 anos, para a Indovinya, braço do grupo de petroquímicos Indorama Ventures. A eletricidade virá do Complexo Eólico Babilônia Sul, localizado em Morro do Chapéu e Várzea Nova, na Bahia. O parque tem capacidade total instalada de 360 MW, a partir de 80 aerogeradores.
 
GD com baterias. Os sistemas para armazenamento de energia (BESS) foram a solução encontrada pela Neoenergia para reduzir custos do Hospital Santo Antônio (HSA), em Salvador, e do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), no Recife. Administradas pelas Obras Sociais Irmã Dulce, as unidades beneficentes que já contavam com energia solar fotovoltaica esperam chegar a uma economia anual de aproximadamente R$ 2 milhões nas despesas com energia elétrica.

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