Mercado livre de energia

Com aquisição total pela Vibra, Comerc quer ampliar capilaridade no mercado livre de energia 

Companhia vê ritmo acelerado de crescimento do ambiente livre em 2025, em linha com o ano passado

Pedro Kurbhi é vice-presidente de Trading, Comercial e Marketing da Comerc (Foto Divulgação)
Pedro Kurbhi é vice-presidente de Trading, Comercial e Marketing da Comerc | Foto Divulgação

RIO — A Comerc espera que a incorporação total pela Vibra ajude a companhia a ganhar mais capilaridade na comercialização de energia elétrica nas diferentes regiões do país. 

A distribuidora de combustíveis concluiu a compra da empresa do setor elétrico em janeiro de 2025, com a aquisição dos 50% restantes da empresa.

A Vibra já detinha uma participação na companhia desde 2021. Com a aquisição do restante, passou a controlar 100% das operações da Comerc no mês passado. 

De acordo com o vice-presidente de Trading, Comercial e Marketing da Comerc, Pedro Kurbhi, a fusão tende a ampliar a estratégia de atuação nacional da companhia. 

Hoje, a Comerc tem 16% de market share no mercado livre de energia e opera um parque de geração solar e eólica com 2,1 gigawatts (GW) de capacidade. 

“A Vibra está no Brasil inteiro, através de suas revendas e de seus parceiros, que são os postos de gasolina. Então a gente tem espaço para crescer muito nesse mercado”, diz.

O executivo lembra que ainda existe um grande potencial de entrada de novos clientes no mercado livre de energia este ano, dado que a abertura a todos os consumidores de alta tensão em janeiro de 2024 habilitou cerca de 100 mil unidades consumidoras a realizar o movimento. 

No ambiente livre, o consumidor deixa de comprar obrigatoriamente a energia negociada pela distribuidora da região em que está localizado e pode negociar a contratação diretamente com a geradora ou com uma comercializadora.

“A Vibra é capaz de trazer uma quantidade de clientes relevante, tendo em vista que ela também tem uma força comercial muito atuante em todos os estados brasileiros”, diz Khurbi.

Grande potencial de crescimento no mercado livre

Segundo o executivo, muitos clientes ainda ou não foram abordados ou tiveram um contato muito superficial com o tema do mercado livre de contratação.  

Khurbi aponta que a mudança no modelo de compra de energia tende a ser uma mudança ponderada pelo cliente e que as negociações presenciais tendem a dar mais segurança para que o consumidor sinta segurança para migrar. 

A expectativa é que o ritmo de migrações este ano fique em linha com o observado em 2024, com cerca de 25 mil clientes saindo do ambiente regulado e entrando no mercado livre. 

“Mas acho que o grande desafio e a grande oportunidade de negócio está na abertura completa do mercado, que deve acontecer nos próximos anos”, diz. 

Para Kurbhi, o mercado brasileiro está vivendo um momento de maior alinhamento em torno da ideia da abertura total do ambiente livre de contratação, incluindo os consumidores de baixa tensão, como os residenciais. 

“As distribuidoras também já passaram a entender que o mercado livre é uma alternativa positiva para o consumidor e para os seus negócios”, afirma

Ele ressalta que esse processo precisa contar com amplo diálogo entre os agentes do setor. 

Mudanças regulatórias no mercado livre de energia

Algumas das questões regulatórias que ainda precisam ser endereçadas antes da abertura total do mercado são a simplificação do processo de medição do consumo e questões ligadas à portabilidade, além do estabelecimento de regras de modo a garantir uma competição igualitária

“Devem ser criadas regras e procedimentos para que todos os agentes tenham igualdade de competição no ambiente livre. Não pode existir nenhum tipo de favorecimento ou privilégio pelos consumidores estarem em uma determinada área de concessão”, afirma. 

Outro ponto é o reforço das garantias exigidas das comercializadoras, de modo a reduzir potenciais riscos aos consumidores finais. 

“É importante que existam requisitos e processos que algumas comercializadoras devem cumprir para se habilitarem a atuar no mercado, especialmente aquelas que desejam atender o mercado varejista, o mercado de baixa tensão, uma vez que esse cliente, de uma maneira geral, tem uma visão menos completa do mercado dos riscos atrelados à compra de energia”, afirma. 

Oferta de soluções integradas de energia 

Em preparação para a abertura total do mercado livre, a Comerc buscou nos últimos anos ampliar o contato com o cliente de varejo. 

Uma das estratégias nesse sentido foi a entrada no mercado de geração distribuída, considerada pela empresa um “ensaio geral” para quando ocorrer a abertura total do ambiente livre. 

“Nos últimos três anos, em que passamos a investir na geração distribuída, desenvolvemos muitas ferramentas, processos e controles para atuar no cliente de pequeno porte, que tem uma característica de gestão de informação muito diferente do que a gente estava habituado antes”, explica Khurbi. 

Segundo o executivo, a decisão de ampliar o contato com os consumidores no varejo já teve forte influência da Vibra. Agora, com a incorporação total, a expectativa é acelerar as estratégias que estavam sendo desenvolvidas nos últimos anos. 

As empresas vão buscar sinergias entre as duas empresas, de modo a entregar maior valor agregado aos clientes finais. 

“Acabamos tendo uma oferta mais completa de energia para o cliente. A Vibra tinha uma proposta de energia de combustíveis líquidos, e, agora, a gente passa a ter essa oferta de energia também renovável, energia elétrica para essa carteira de clientes”, diz. 

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