A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) lançou nesta sexta (7/2) o Painel Dinâmico de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), uma ferramenta desenvolvida para monitorar e analisar as emissões do setor de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil.
O painel, lançado durante a primeira edição do evento ANP Net Zero, permite a visualização de dados comparativos entre bacias marítimas e terrestres, além de destacar a participação proporcional do metano nessas emissões.
A iniciativa faz parte da agenda da ANP para regulamentar e reduzir as emissões de metano, com a publicação de uma norma específica prevista para para o biênio 2025-26.
“O Brasil é signatário do compromisso global de reduzir em 30% as emissões até 2030, e nesse contexto sabemos da grande responsabilidade do papel central da ANP para viabilizar a contribuição do setor de óleo e gás no atingimento dessa meta”, afirmou a diretora da agência, Symone Araujo.
A proposta deve incluir medidas como monitoramento, reporte, verificação, detecção e reparação de vazamentos de metano, alinhadas às melhores práticas internacionais.
“Já foi incluída sob a responsabilidade da Superintendência de Tecnologia e Ambiente a criação de resolução da ANP visando a redução de emissão de metano”, disse a diretora.
Perfil de emissões de metano
O metano, segundo gás de efeito estufa mais relevante, tem um potencial de aquecimento global 28 vezes maior que o dióxido de carbono (CO₂) em um horizonte de 100 anos, de acordo com o IPCC.
No setor de óleo e gás, o metano é uma das principais fontes de emissões antropogênicas, mas também está entre as mais fáceis de controlar e mitigar, como pontuou Luciana Tavares, representante da ANP.
Segundo ela, o painel da ANP revela que, enquanto as bacias marítimas têm uma participação média de 6% de metano nas emissões totais de GEEs, nas bacias terrestres esse percentual chega a 34%.
O painel também permite comparar o desempenho das bacias, em que é possível observar que a Bacia de Campos, mais madura e com instalações mais antigas, apresenta uma intensidade de emissões significativamente maior que a Bacia de Santos, onde unidades mais novas e tecnologias avançadas resultam em menores emissões.
“São unidades muito mais novas, tem uma tecnologia muito mais avançada, que tem uma queima menor e uma emissão de metano menor, consequentemente”, explica Tavares.
Cooperação internacional
Martin Oswald, representante do Banco Mundial, com quem a ANP desenvolve um estudo sobre regulação para redução das emissões de metano, destacou a importância do trabalho da agência no monitoramento das emissões.
“Existem múltiplas abordagens para regular o flaring e a ventilação de metano, e a colaboração com a ANP tem sido fundamental para compartilhar as melhores práticas globais”, afirmou.
O Banco Mundial está apoiando uma missão da ANP ao Reino Unido e à Comissão Europeia para aprofundar o conhecimento sobre regulamentações internacionais. A ANP também participa de grupos de trabalho internacionais e promove capacitações em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
“Nossa trajetória em direção ao net zero vem se fortalecendo ao longo dos anos, com ações concretas que buscam equilibrar segurança energética e redução das emissões de gases de efeito estufa. O que imaginamos é que alcancemos uma transição energética justa, sustentável e alinhada aos compromissos globais”, disse Symone Araújo.
Mette Tangen, Cônsul Geral da Noruega no Rio de Janeiro, também destacou a importância da parceria entre Brasil e Noruega no combate às emissões de metano.
Ela ressaltou que a Noruega tem décadas de experiência na redução de emissões de metano no setor de óleo e gás, tendo cortado mais de 25% de suas emissões desde 1990.
“Nossos países já estão trabalhando juntos na redução de emissões em vários setores, e vemos grande potencial para aprofundar essa parceria, inclusive na redução de metano. E essa colaboração não é crucial apenas no contexto das mudanças climáticas”, ressaltou a Tangen.