JUIZ DE FORA — A TotalEnergies e a QatarEnergy anunciaram na segunda-feira (3/2) o lançamento do MARES, seu terceiro projeto conjunto de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) no Brasil desde o início da parceria em 2023. Os três projetos preveem até R$ 48 milhões em investimentos, com foco na redução de emissões de gases de efeito estufa, energias de baixo carbono e biodiversidade.
O projeto MARES, anunciado em novembro do ano passado e desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), vai analisar soluções para melhorar o processo de restauração de manguezais, com um estudo de caso no sítio Cananéia (SP). Esses ecossistemas cobrem aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados no Brasil e desempenham um papel fundamental na captura de carbono, na proteção da costa contra erosão e na conservação da biodiversidade.
O primeiro projeto da parceria, iniciado em 2023 em cooperação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), busca aprimorar a infraestrutura voltada para tecnologias de energias renováveis. Ele integra o SustLab RJ, centro de pesquisa estabelecido pela TotalEnergies e pela universidade em 2024.
Em julho de 2024, foi lançado o segundo projeto, WHR (Waste Heat Recovery, em inglês), também com a UFRJ. A iniciativa investiga o uso da tecnologia de destilação por membrana no tratamento de água, aproveitando o calor residual de equipamentos e processos da indústria de petróleo e gás. O objetivo é ampliar a eficiência energética e reduzir as emissões associadas às operações do setor.
As três iniciativas, conduzidas em parceria com a USP e a UFRJ, receberam aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por meio da cláusula que incentiva pesquisas e inovação tecnológica no setor.
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento
A cláusula de P&D da ANP determina que empresas com contratos de exploração e produção de petróleo e gás destinem 1% da receita bruta de campos com grande rentabilidade para investimentos em pesquisa e inovação. Os recursos devem ser aplicados em projetos voltados ao desenvolvimento tecnológico da indústria de óleo e gás, incluindo soluções para descarbonização, eficiência energética e sustentabilidade ambiental.
Atualmente o programa é regido pela Resolução ANP nº 918/2023. Um projeto de PD&I pode ser executado, individualmente ou em coexecução, por empresas brasileiras ou instituições credenciadas, e financiado por uma ou mais empresas petrolíferas.
Petroleiras recuam em metas renováveis
A Equinor anunciou nesta quarta-feira (5/2) a redução de investimentos em energias renováveis até 2030, priorizando petróleo e gás para aumentar retornos aos acionistas. A petroleira norueguesa também desistiu da meta de direcionar pelo menos metade dos investimentos a projetos de baixo carbono nesta década, alocando cerca de US$ 5 bilhões no setor entre 2025 e 2027, metade do planejado anteriormente.
O CEO Anders Opedal atribuiu a decisão ao desenvolvimento mais lento do que o esperado de eólicas offshore e hidrogênio, impactado por desafios na cadeia de suprimentos e pela inflação. A petroleira norueguesa priorizará o aumento da produção de óleo e gás, com expectativa de crescimento superior a 10% entre 2024 e 2027, atingindo 2,2 milhões de barris diários até o fim da década.
Apesar do foco renovado em O&G, a empresa mantém a meta de reduzir em 50% as emissões de escopo 1 e 2 até 2030.
A decisão segue o movimento da Shell, que nos últimos meses interrompeu novos projetos de eólica offshore e restringiu aportes em hidrogênio. Ambas apontam desafios na cadeia de suprimentos e inflação como fatores que dificultam o avanço dessas iniciativas.
Esse cenário ocorre em meio ao novo governo dos EUA, que tem ampliado o incentivo à exploração de petróleo e gás e reduzido compromissos ambientais. A postura norte-americana, no entanto, pode abrir espaço para novas lideranças na transição energética global.
Oportunidade para o Brasil
Por aqui, o governo Lula tem apostado na mensagem de que o momento é de oportunidade para o Brasil. Até aqui, políticas industriais têm sido direcionadas a essas novas cadeias, por vezes sob críticas de aumento de custos.
A Petrobras, inclusive, lançou ontem (6/2) um fundo voltado para projetos de bioeconomia e soluções baseadas na natureza, com R$ 50 milhões aportados pela estatal.