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Nordeste costura protagonismo em plano ecológico da Fazenda

Consórcio Nordeste firma memorando com MF para identificar projetos que podem receber apoio em política de proteção cambial

Posse de Rafael Fonteles como presidente do Consórcio Nordeste (Foto: Governo do Piauí)
Posse de Rafael Fonteles como presidente do Consórcio Nordeste | Foto: Jhuan Neuber/Governo do Piauí

NESTA EDIÇÃO. Consórcio Nordeste firma memorando com Ministério da Fazenda para identificar projetos que podem receber apoio de política de proteção cambial.
 
Em outra frente, organizações tentam garantir salvaguardas socioambientais para financiamento de renováveis na região.


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Responsáveis por 94% da energia eólica e 35% da energia solar geradas no país, os estados do Nordeste querem garantir que as políticas selecionadas no Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda se convertam em investimentos na região.
 
Na quarta (5/2), o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), assumiu a presidência do Consórcio do Nordeste, coalizão que representa os nove estados da região, e formalizou a agenda de prioridades em um memorando de entendimento com o governo federal.
 
Assinado por Fonteles e o ministro Fernando Haddad (PT), o documento mira o desenvolvimento de projetos de energias renováveis e a integração da plataforma de investimentos do Consórcio Nordeste com o Programa EcoInvest
 
Política de proteção cambial sancionada em outubro de 2024, o EcoInvest mira investidores estrangeiros para o financiamento de projetos selecionados no Plano de Transformação Ecológica.
 
“Objetivo é fomentar a cooperação entre as partes para consolidar uma estratégia de investimentos sustentáveis na região Nordeste, promovendo a preservação dos ecossistemas, especialmente o bioma da Caatinga, o desenvolvimento de projetos de energias renováveis, a compensação ambiental e o crescimento econômico alinhado às metas de descarbonização e inclusão social”, diz o memorando de entendimento.
 
Para isso, MF e Consórcio Nordeste concordam em realizar ações conjuntas que priorizem o “desenvolvimento de projetos que promovam a Transformação Ecológica, a descarbonização da economia e a inclusão social na região Nordeste”.
 
Aos estados caberá, por exemplo, “identificar e priorizar projetos estratégicos de interesse regional alinhados às políticas públicas federais”.
 
Já a Fazenda deverá ajudar na articulação interministerial para facilitar a execução dos projetos identificados.



Além de já abrigar grandes projetos renováveis, a região desponta como promissora para empreendimentos de eólicas offshore e hubs de hidrogênio verde, que podem mobilizar investimentos bilionários.
 
São, no entanto, considerados de risco e o mercado demonstrou um apetite menor para esses investimentos em 2024.
 
Também na quarta, Fonteles defendeu a manutenção dos vetos ao PL das Eólicas Offshore – um posicionamento do estado, não institucional do grupo.
 
O agravamento dos casos de cortes de geração tem servido de argumento para sensibilizar os parlamentares pela manutenção dos vetos: cada GW de potência térmica adicionada no SIN, descola mais potência renovável.
 
“O tema mais importante é resolver qualquer gargalo de infraestrutura para a gente não perder decisões de investimentos de geração e consumo de energia para a indústria verde”, afirmou o governador do Piauí. 

Parte do Plano de Transformação Ecológica, a Taxonomia Sustentável Brasileira (TBS) não é mencionada no documento do Consórcio Nordeste mas também pode influenciar os investimentos na região.
 
Audiência pública em João Pessoa, na Paraíba, na última terça (4/2), discutiu com comunidades locais como incluir salvaguardas socioambientais para projetos eólicos na TSB.
 
É parte de uma série de debates que serão realizados até o final de março para definir critérios que poderão ser incluídos no instrumento da Fazenda para orientar o financiamento e os investimentos públicos e privados.
 
Promovida pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a audiência em João Pessoa trouxe à pauta os problemas relatados pelas comunidades que vivem próximas aos empreendimentos eólicos no Nordeste.
 
“Hoje há uma série de questões envolvendo as comunidades locais e a instalação dos empreendimentos, como disputas agrárias, violação de direitos humanos, comprometimento da saúde física e mental das famílias que estão nos arredores desses empreendimentos”, disse à agência eixos o assessor político do Inesc Cássio Cardoso Carvalho. Leia na cobertura de Lorena Marcelino


Equinor recua investimentos em baixo carbono. A petroleira norueguesa anunciou redução de até 25% da sua meta de capacidade instalada em energias renováveis até 2030, passando de 12-16 GW para 10-12 GW, até 2030. A empresa, que obteve um lucro de US$ 8,83 bilhões em 2024, também abandonou o compromisso de destinar 50% de seus gastos de capital (capex) a projetos de baixo carbono no mesmo período.
 
EDP diz que transição se mostra cara. Em um cenário global marcado por inflação, altas taxas de juros, disrupções nas cadeias de suprimentos e crises geopolíticas, os desafios econômicos têm pressionado os custos e a rentabilidade dos projetos de energia renovável, avalia Carlos Andrade, vice-presidente de Client Solutions da EDP.
 
Google mata metas de diversidade. A big tech está abandonando suas metas de contratação de minorias e se juntando a Meta e Amazon no recuo sobre políticas de diversidade em meio a pressão conservadora na nova era Trump. O Google também decidiu abandonar a promessa de não usar IA em armas ou vigilância. (WSJ)
 
Renováveis mais baratas. O custo global de tecnologias de energia limpa, como eólica, solar e de bateria, deve cair em 2-11% em 2025, quebrando o recorde do ano passado, de acordo com novo relatório da BNEF. Novos parques eólicos e solares já estão reduzindo o custo de produção em relação a novas usinas de carvão e gás em quase todos os mercados globais.
 
No Brasil, o custo dos equipamentos de energia solar para residências no Brasil ficou 3% mais barato no quarto trimestre de 2024, em relação ao terceiro trimestre, aponta pesquisa da Solfácil. O preço foi de R$ 2,53, em média, no período de julho a setembro, para R$ 2,46 por Watt-pico (Wp) nos três últimos meses do ano.
 
Armazenamento. A Aneel espera divulgar em maio a nota técnica para regulamentação de sistemas de armazenamento de energia, após a análise das contribuições recebidas na consulta pública, que terminou no fim de janeiro.
 
Caminhões a GNV. A Comgás anunciou, nesta quinta-feira (6/2), a instalação de garagens de gás natural veicular (GNV) nas operações da Ypê, Nelcar e Grupo Sada. O objetivo é atender demandas por combustíveis de menor impacto ambiental no setor de transporte pesado.
 
Fundo para bioeconomia. A Petrobras anunciou a criação de um fundo voltado para projetos de bioeconomia e soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Iniciativa contará com R$ 50 milhões aportados pela estatal e outros R$ 50 milhões provenientes de fundos administrados pela gestora Régia Capital, especializada em investimentos sustentáveis.
 
Energia para irrigação. MME, Mapa e MDR anunciaram na quarta-feira (5/2) a criação da Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e Projetos de Irrigação do Brasil. O objetivo é assegurar o fornecimento de energia elétrica para polos de irrigação em diferentes regiões do país.

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