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Transição energética esbarra em desafios financeiros e regulatórios nos estados

Anuário Estadual de Mudanças Climáticas do Brasil aponta desafios para transições locais

Lançamento do Anuário Estadual de Mudanças Climáticas
Lançamento do Anuário Estadual de Mudanças Climáticas | Foto: Rogério Cassimiro/MMA

NESTA EDIÇÃO. Anuário Estadual de Mudanças Climáticas do Brasil aponta desafios para transições locais
 
Financiamento e articulação política são uma dificuldade em comum.


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A intensa exploração do pré-sal, os processos industriais energointensivos e as emissões residenciais e veiculares nos estados do Sudeste do Brasil colocam a região no topo do ranking de emissões relacionadas à energia.
 
Já o Nordeste, com  94% da energia eólica e 35% da energia solar geradas no país, concentra também os estados que despontam como promissores para sediar uma nova fase de descarbonização da economia global, com projetos de hidrogênio verde mirando o abastecimento da indústria local e a exportação para a Europa.
 
Essas são algumas conclusões do primeiro Anuário Estadual de Mudanças Climáticas do Brasil, lançado nesta quinta (30/1) pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Centro Brasil no Clima (CBC), com apoio do Instituto Itaúsa.
 
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, no Sudeste, e Paraná e Rio Grande do Sul, no Sul, são os cinco estados com maior emissão histórica relacionada à energia. Em seguida vem Bahia (NE), Santa Catarina (Sul), Goiás (CO), Mato Grosso (CO) e Pará, no Norte.
 
Além de reunir informações relacionadas ao clima de cada um dos estados e do Distrito Federal, o documento indica desafios para a política climática nacional.
 
Os principais são financeiros e regulatórios. O estudo aponta que os estados brasileiros enfrentam desafios devido à baixa Capacidade de Pagamento (CAPAG) e precisam aproveitar oportunidades de financiamento internacional, além de mobilizar capital humano para atender às suas necessidades locais
 
Ao mesmo tempo, isso só se viabiliza com um arcabouço robusto de leis e regulações, transparência e governança, e planos de mitigação e adaptação bem estruturados.
 
“Os estados devem avançar na construção e implementação de suas estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas, como os investimentos em energia renovável no Nordeste, planos de produção de hidrogênio verde, projetos de recuperação de pastagens degradadas, pagamentos por serviços ambientais e bioeconomia, entre outras iniciativas”, aponta. 
 
“Por outro lado, a ausência de planos climáticos, recursos técnicos ou financeiros, ou a falta de articulação política impedem a atração de investimentos públicos e privados, comprometendo o desenvolvimento de projetos climáticos”, completa. 



Mesmo com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, no primeiro dia do novo governo de Donald Trump, a expectativa brasileira é manter um diálogo com os estados norte-americanos que prometem seguir com suas políticas subnacionais de enfrentamento à mudança do clima, disse o embaixador André Corrêa do Lago, durante o lançamento.
 
Presidente da COP30, que será sediada pelo Brasil este ano, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE) diz que esta será uma “COP da realidade” e os estados brasileiros terão o papel de demonstrar a diversidade de soluções.
 
“Uma COP da realidade é uma COP que demonstre que o combate à mudança do clima é uma coisa que pode melhorar a vida da população, a economia do país e várias dimensões ambientais”, explicou.
 
“O papel do Brasil na COP30 é que nós somos uma sociedade tão diversa, e os estados brasileiros são uma demonstração disso. A solução em Minas Gerais não vai ser a mesma no Ceará, não vai ser a mesma de Rondônia”, completou.


Hidrogênio verde no leilão de capacidade. A Nexblue está empenhada em consolidar seu projeto de produção de hidrogênio verde para geração de e-metanol e energia termelétrica, com o objetivo de participar do próximo leilão de reserva de capacidade, previsto para o fim deste ano. A intenção é concorrer com usinas a gás natural. Confira na entrevista do CEO da Nexblue, Nelson Silveira, à agência eixos
 
Hidrogênio e data centers impulsionam PPAs. O Brasil deve registrar mais de 2 GW em contratos corporativos de compra de energia solar e eólica em 2025, estima a BloombergNEF. Além de fatores como crescimento econômico e ondas de calor mais frequentes, a consultoria afirma que novas indústrias ampliam a demanda por energia, como os segmentos de data centers e hidrogênio.
 
Mais testes para B25. Associações de combustíveis fósseis enviaram, nesta quinta-feira (30/1), uma carta ao Ministério de Minas e Energia (MME) pedindo que sejam realizados testes “abrangentes e rigorosos de bancada e de campo” na mistura de 25% de biodiesel ao diesel (B25). Assinam o documento CNT, IBP, Brasilcom, Fecombustíveis, Abicom e SIND TRR.

10 dias de Donald Trump. O novo presidente dos EUA eliminou mais de 70 iniciativas climáticas e de energia verde em sua primeira semana de mandato, em um movimento agressivo para desmantelar o legado do antecessor, Joe Biden. Foram anuladas iniciativas e metas federais destinadas a combater as mudanças climáticas, limitar o desenvolvimento de petróleo e gás e acelerar a expansão de energia limpa, revela análise do Financial Times da primeira semana de decretos executivos de Trump.
 
89 segundos para a meia noite. Cientistas ajustaram esta semana o “Relógio do Juízo Final” para mais próximo da meia-noite do que em qualquer outro momento. O Bulletin of the Atomic Scientists ajustou o relógio para 89 segundos antes da meia-noite — o ponto teórico da aniquilação. Isso é um segundo mais próximo do que foi definido no ano passado. Conflitos mundiais, mudança climática e possível uso de inteligência artificial em combates são alguns dos pontos de preocupação. (CNN)
 
Elas movem a energia. A Universidade Corporativa do IBP (UnIBP) lança a primeira edição do programa Elas Movem a Energia, para impulsionar o protagonismo feminino na carreira. Com duração de cinco meses, o programa inclui workshops, mentorias individuais e em grupo, e oficinas práticas de Storytelling e Comunicação. O foco é o desenvolvimento de competências como autoliderança, inteligência emocional, comunicação assertiva, protagonismo de carreira e gestão de equipes. A iniciativa está com inscrições abertas até 22 de abril pelo site oficial da UnIBP
 
Chuvas em SP. Com a previsão meteorológica de chuvas com ventos que podem chegar a 70 km/h, entre hoje (30) e domingo (2/2) na Região Metropolitana, a Enel Distribuição São Paulo acionou seu plano operacional para contingências climáticas. A distribuidora afirma que mobilizou antecipadamente mais equipes de campo para agilizar o restabelecimento da energia em caso de impacto no fornecimento nos 24 municípios atendidos.
 
Solar em prédios públicos. Com mais de R$ 36,3 milhões investidos ao longo de 2024 através do Programa de Eficiência Energética (PEE), a Neoenergia Elektro promoveu a instalação de 14 solares fotovoltaicas em prédios públicos no interior do estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, incluindo o campus da UNESP de Rio Claro, Santas Casas de Misericórdia, Unidades do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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