Abertura travou

Indústria cobra fim de barreira à expansão do mercado livre de gás no Rio de Janeiro

Firjan calcula que 12 empresas poderiam migrar de forma imediata, mas esbarram em impasse regulatório

ES Gás se prepara para crescer junto com mercado livre de gás e busca se adaptar para disputar com outras fontes. Na imagem: Trabalhador em forno de alta temperatura em siderúrgica (Foto: Divulgação Vika Controls)
Trabalhador em forno de alta temperatura em siderúrgica | Foto Divulgação Vika Controls

Agentes da indústria do Rio de Janeiro cobram uma solução rápida para acabar com a barreira à migração de novos usuários para o mercado livre de gás natural no estado.

A regulação fluminense, definida pela Agenersa em 2020, prevê que toda indústria com consumo superior a 10 mil m3/dia pode migrar para o mercado livre.

Os contratos de concessão das distribuidoras CEG e CEG Rio, por outro lado, definem um piso de 100 mil m3/dia – o que limita o universo de potenciais clientes livres no estado.

O mercado livre de gás deu seus primeiros passos em 2024, justamente com a migração dessas grandes indústrias: as siderúrgicas CSN, Ternium e Gerdau.

Juntas, elas consomem cerca de 1,6 milhão de m3/dia – aproximadamente um quarto do mercado não-termelétrico do estado.

A Firjan mapeou, entre as indústrias do estado, um potencial de migração de 12 outros consumidores existentes, de forma imediata – e que, juntos, consomem mais de 540 mil m³/dia.

Empresas como a Braskem e a própria CSN – que tem interesse de migrar uma segunda unidade produtiva para o mercado livre – esbarram hoje nesse impasse regulatório.

Outra companhia que já manifestou publicamente a intenção de migrar é a Nitriflex, fabricante de polímeros especiais.

Agentes pedem senso de urgência

O processo de renovação dos contratos de concessão da CEG e CEG Rio, que vencem em 2027, desponta como uma oportunidade de resolução das divergências. 

A indústria fluminense, contudo, pede senso de urgência – e uma saída, nesse sentido, pode ser a negociação de um aditivo ao contrato atual.

Produtores, comercializadores e consumidores de gás, interessados no desenvolvimento do mercado livre, alegam que o contrato de concessão está defasado e remonta a uma realidade do mercado distante da atual.

“Precisamos avançar rapidamente nisso…É uma questão de sobrevivência. Mercado é concorrência pura e precisamos andar na frente para não sermos atropelados”, disse nesta quinta (30/1) o diretor de Energia da CSN, Rogério Pizeta, durante evento da Firjan.

A CSN migrou, em 2024, sua planta de Volta Redonda, que consome mais de 1 milhão de m3/dia de gás.

A empresa tem interesse, hoje, na migração da unidade de Porto Real, mas a operação esbarra no impasse regulatório.

O gerente de Regulação e Inteligência de Mercado da Voqen, Vitor Vogel, conta que a companhia, braço de comercialização de gás e energia da Braskem, tinha planos de começar a migração da Braskem para o mercado livre a partir do Rio, mas que a empresa também esbarrou no imbróglio.

Como o processo não evoluiu como o esperado, a petroquímica decidiu começar a sua migração por São Paulo este ano – e já tem planos de migrar também unidades no Rio Grande do Sul e Bahia em 2025.

“No Rio, estamos aguardando a resolução desse impasse. É importante resolver. E tem que ser rápido. A  competitividade para a indústria é muito importante”, afirmou Vogel, no evento da Firjan.

Ele destaca que, sem um senso de urgência, o risco é de que o gás perca espaço para outras fontes mais competitivas.

Naturgy defende cautela

A Naturgy prega respeito ao contrato de concessão, por uma questão de segurança jurídica, mas não só: alega também que as migrações precisam ser melhor planejadas, sob o risco de desequilibrar a gestão da concessão – e, com isso, impactar os demais usuários.

“Quer dizer que vamos ficar sentados sobre o contrato? Não”

“Qualquer mudança tem que ser feita sem prejudicar quem fica no cativo, as coisas têm que ser feitas planejadas”, disse a diretora-geral da Naturgy Brasil, Katia Repsold.

A Naturgy apresentou, no ano passado, o pedido formal de prorrogação dos contratos, que vencem em 2027.

Caberá ao governo estadual definir se as concessões serão renovadas ou se haverá uma nova licitação. O governo estadual também espera entregar este ano a modelagem dos novos contratos de concessão da CEG e CEG Rio.

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