RIO — A Nexblue está empenhada em consolidar seu projeto de produção de hidrogênio verde para geração de e-metanol e energia termelétrica, com o objetivo de participar do próximo leilão de reserva de capacidade, previsto para o fim deste ano.
Em entrevista à agência eixos, o CEO da Nexblue, Nelson Silveira, conta que a empresa está trabalhando para que seu projeto seja equiparado a qualquer outra UTE a gás natural, e espera um parecer nesta direção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Aneel, antes de 14 de fevereiro, limite máximo para habilitação no leilão.
“Não estamos pedindo nada diferente do que competir com termelétricas a gás. Se não formos competitivos, perderemos o leilão”, afirma Silveira.
Pelas regras atuais, a contratação de reserva de capacidade só considera empreendimentos de geração termelétricos a gás natural e a biocombustíveis, ou de ampliação de hidrelétricas.
O executivo explica que o projeto da Nexblue já é competitivo, mesmo sem considerar qualquer atributo ambiental, uma vez que a UTE funcionará como uma a gás natural, mas sem emitir CO2.
“O que sai do escape da nossa termelétrica é vapor d’água, não poluente e renovável”, enfatiza.
Sem desafios para transporte
A companhia estuda cinco projetos, localizados no Ceará, Piauí e Maranhão, com termelétricas de 22 MW cada e eletrolisadores de 160 MW.
A estratégia aposta na conexão do mercado de energia elétrica ao de produção de metanol sintético, o e-metanol, utilizando um parque solar para alimentar eletrolisadores que produzem hidrogênio.
Esse hidrogênio vai seguir dois caminhos: o de alimentar turbinas a gás que operam 100% com hidrogênio para gerar energia elétrica, e o outro para sintetizar e-metanol a partir da combinação de hidrogênio com CO2 capturado da queima de biomassa.
Silveira explica que um dos principais desafios do hidrogênio como combustível é sua logística.
“O hidrogênio, como gás, é difícil de transportar devido à necessidade de compressão em altas pressões ou liquefação em temperaturas muito baixas. Isso limita sua viabilidade em larga escala”, afirma.
A solução encontrada pela Nexblue é produzir e consumir o hidrogênio diretamente no local, eliminando a necessidade de transporte.
“Eu consumo todo o hidrogênio que produzo dentro da própria planta. Portanto, não tenho que transportá-lo”, ressalta Silveira.
Competitividade com e-metanol
A competitividade do projeto, na avaliação de Silveira, está na combinação da geração de energia termelétrica a hidrogênio com a produção de e-metanol.
“Se o projeto fosse apenas de e-metanol ou apenas de energia, não seria competitivo. A junção dos dois é que permite a viabilidade econômica”, destaca Silveira.
Ouro pronto é a verticalização da empresa, que deverá gerar a própria energia solar, o que a isenta de encargos setoriais, como TUSD e ICMS, e produzir a própria biomassa, reduzindo significativamente os custos.
“Tudo é feito de forma vertical. Temos projetos já com terra, com tudo para produzir capim-elefante”.
A companhia também trabalha com fontes de biomassa diversificadas, como coco e coco de babaçu para gerar C02 biogênico.
“Temos um projeto de coleta de coco de babaçu no Piauí e Maranhão, e no Ceará utilizamos casca de coco, um resíduo abundante na região”, complementa.
O e-metanol produzido pela Nexblue está mirando a descarbonização do frete marítimo.
“O metanol é menos tóxico que a amônia e atende às exigências da Organização Marítima Internacional (IMO) para redução de emissões”, explica Silveira.
Cada unidade projetada, teria capacidade de produzir 50 mil toneladas de e-metanol por ano.