Preço do petróleo

Petróleo recua com foco em medidas de Trump e tensão no Oriente Médio

Contratos futuros registram queda em meio a sinalizações da administração Trump para o setor energético e alívio nas tensões na Faixa de Gaza após cessar-fogo

Operação terrestre da Hess em Bakken Shale, localizado perto da cidade de Ross, no estado de Dakota do Norte, nos EUA (Foto Divulgação)
Operação terrestre da Hess em Bakken Shale, próximo à cidade de Ross, em Dakota do Norte/EUA | Foto Divulgação

Os contratos futuros de petróleo registraram queda nesta segunda-feira (20/1), em um dia marcado pela posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora os mercados em Nova York não tenham operado devido ao feriado, investidores acompanharam de perto os primeiros sinais e decisões da nova administração para o setor energético.

Trump declarou uma emergência nacional com o objetivo de ampliar a produção de energia e reverter medidas de combate às mudanças climáticas implementadas pelo ex-presidente Joe Biden.

A Casa Branca também anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris. No cenário internacional, as atenções estiveram voltadas para a redução das tensões no Oriente Médio após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

No pregão eletrônico da New York Mercantile Exchange (Nymex), às 15h15 (horário de Brasília), o petróleo WTI para março era negociado com recuo de 1,24% (US$ 0,96), cotado a US$ 76,43 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,79% (US$ 0,64), sendo negociado a US$ 80,15 o barril.

Durante a cerimônia de posse no Capitólio, Trump prometeu reforçar a reserva estratégica de petróleo do país. “Vamos perfurar, baby, perfurar”, afirmou, em referência a sua política de liberar novas perfurações.

O presidente também responsabilizou a gestão anterior pela “inflação recorde” e declarou que sua administração adotará medidas enérgicas para controlar os preços. A Casa Branca sinalizou a revisão de regulamentos considerados onerosos para a produção e o uso de energia.

Segundo Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank, a recuperação de 20% nos preços do petróleo desde dezembro enfrenta resistência acima dos US$ 80 por barril.

Ela observa que o cessar-fogo de seis semanas entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza contribuiu para aliviar os preços nesta segunda-feira (20/1), embora os riscos geopolíticos permaneçam, com Trump buscando pressionar grandes produtores como Rússia, Irã e Venezuela.

A Associação Internacional de Energia (IEA, em inglês) projeta que a oferta global não deve exceder a demanda este ano, o que deve sustentar os preços.

No domingo (19), o cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em vigor após atrasos devido à divulgação tardia pelo Hamas dos nomes de reféns que seriam libertados. Israel havia condicionado a suspensão dos ataques à entrega da lista, conforme o acordo firmado.

Expectativa de alta global

O republicano inicia seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20/1), em meio a uma tendência de alta nos preços do barril no curto prazo.

No entanto, as restrições dos EUA ao suprimento na Rússia e a expectativa de novas sanções ao Irã tendem a afetar a oferta global e a impactar os preços. 

Trump prometeu reduzir os custos de energia no país e estimular a indústria de exploração de produção de petróleo e gás. Também tem criticado fontes de energia renováveis, como a geração eólica. 

O antecessor, Joe Biden, anunciou nas suas últimas semanas como presidente um veto a atividades de E&P em milhares de hectares no território americano. 

No Brasil

No mercado brasileiro, os receios recaem sobre os impactos nos preços dos combustíveis

É importante lembrar que a cotação do diesel e da gasolina dependem não apenas do preço do barril no mercado internacional, mas também da variação do dólar – que, no fim das contas, sofre impactos das políticas do novo presidente dos EUA, sobretudo na área comercial. 

Desde 2023, a Petrobras passou a adotar uma política em que leva em consideração também fatores como o custo de oportunidade e as alternativas concorrentes disponíveis para definir a precificação dos combustíveis.

Ainda assim, depois dos movimentos do mercado nas últimas semanas, os preços da companhia indicam forte defasagem – similar aos patamares que levaram a reajustes nos últimos anos. 


Com informações do Estadão Conteúdo.

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