Ambiente livre

Após recordes de migrações em 2024, mercado livre vai demandar mais criatividade para novos contratos em 2025

Mês de novembro bateu mais um recorde de migrações, com 2.149 novas unidades consumidoras no ambiente livre 

Módulos solares fotovoltaicos, vistos de trás, e turbinas eólicas ao fundo, brancas com faixas vermelhas (Foto Wiki Commons)
Usina híbrida eólica e solar | Foto Wiki Commons

RIO – A grande migração de consumidores para o mercado livre em 2024 vai fazer com que as fornecedoras de energia precisem ser mais criativas e busquem diferentes abordagens para atrair novos clientes de agora em diante, apontam especialistas. 

A ampliação da competição está ligada à abertura do mercado livre em janeiro de 2024 para todos os consumidores de alta tensão, o que levou a uma intensa migração do mercado regulado para o livre nos últimos meses. No ambiente de contratação livre (ACL), o consumidor pode negociar diretamente a compra da energia com o próprio gerador ou com uma comercializadora. 

Dados da Thunders apontam que a abertura deixou mais de 100 mil consumidores aptos para aderir ao mercado livre.

Segundo a consultoria, apenas em novembro 2.149 unidades consumidoras saíram do mercado regulado e entraram no ambiente livre, número recorde. A maior parte das migrações foi realizada pelas comercializadoras Cemig (1650), Matrix (1446) e EDP Smart (1311), segundo o levantamento. 

Foi a segunda vez que o número ultrapassou dois mil consumidores em um único mês no Brasil. Em agosto de 2024, haviam sido registrados 2036 novos clientes no mercado livre de energia. 

“Para quem é gerador ou comercializador, as oportunidades diminuíram um pouco, então tem que pensar de modo muito criativo para poder melhorar a exposição ao mercado”, diz o sócio da área de Energia, Infraestrutura & Projetos do Veirano Advogados, Alberto Fialho. 

Apesar do alto número de migrações já registradas, ainda há oportunidades em negociação, sobretudo entre clientes de menor porte de consumo. O advogado aponta que há intenso interesse de consumidores dos segmentos como saúde, mineração, siderurgia e telecomunicações em deixar o ambiente regulado. 

Segundo Fialho, uma das tendências é a continuidade do fechamento de acordos no modelo de autoprodução, no qual o consumidor se torna sócio do projeto de geração e tem maiores descontos em taxas. Novos arranjos de contratos dentro desse modelo, como acordos por equiparação ou de arrendamento, tendem a ganhar espaço. 

Essas negociações, no entanto, devem atrair mais os consumidores que já migraram para o mercado livre há mais tempo, dado que muitos dos contratos recentes fechados são de longo prazo, com duração acima de três anos. 

Um exemplo foi o contrato fechado recentemente entre o Hospital Albert Einstein em consórcio com a Engeform, no modelo de autoprodução, no qual o Veirano Advogados atuou como assessor jurídico. 

O hospital já havia migrado para o ambiente livre, mas optou por fechar o acordo de autoprodução para complementar outros contratos de suprimento de energia. O acordo vai fornecer energia para atender cerca de 60% do consumo total do hospital por 15 anos. 

“Com isso, ele consegue economizar ainda mais em relação ao que já tinha como consumidor livre meramente”, afirma Fialho. 

Nesse contexto de maior competição pelo cliente final, alguns dos diferenciais para conseguir assegurar novos acordos tendem a ser as empresas que conseguirem explicar de forma didática para os consumidores como funciona o mercado de energia. 

“A assimetria de informação é muito grande. Então, eu acho que explicar como funciona e educar o cliente sobre quais são os riscos que ele está contratando, é um diferencial importante. Também ter disponibilidade de atendimento e poder oferecer todo um um leque de serviços e de atenção mesmo que hoje ele não tem”, diz. 

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