O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu, nesta quarta (15/1), a criação de uma governança global para a racionalização dos minerais críticos para a transição energética, aproveitando a oportunidade da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em 2025, a COP30, em Belém (PA).
Na avaliação do ministro, é importante discutir modelos de exploração mineral no mundo, com garantias do desenvolvimento econômico e social e com práticas sustentáveis.
“Essa governança global é fundamental para fortalecer os organismos internacionais e alcançarmos nossos objetivos, incluindo os compromissos internacionais assumidos com a descarbonização”, disse Silveira, em Riade, na Arábia Saudita, durante evento sobre minerais críticos.
Segundo ele, apesar de o Brasil dispor de diversas fontes de energia e minerais críticos para transição energética, também tem uma grande preocupação em garantir que essa cadeia “seja segura, racionalizada e eficiente”.
“Por isso, é essencial discutir uma governança global que permita uma transição energética equilibrada, respeitando a soberania dos países e as diversas fontes energéticas”, afirmou.
Minerais críticos e o Sul Global
Na terça-feira (15/1), no mesmo evento, Silveira destacou o papel dos países do Sul Global como importantes supridores de minerais críticos para transição energética, e lembrou da agenda brasileira frente à presidência do Brics, que terá seu encontro de líderes sediado no Brasil este ano, com a entrada oficial da Arábia Saudita no bloco.
Na agenda brasileira estarão temas como a transição energética e a reforma dos mecanismos financeiros globais, em que o país pretende fazer uma ponte entre os acordos alcançados durante a presidência do G20, em 2024, e a COP30, que acontece no Pará, em novembro de 2025.
Um dos focos da presidência brasileira será no papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) — conhecido como banco do Brics, hoje comandado pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.
“Tenho falado muito com a presidenta Dilma e ela é muito consciente que o Brics tem um papel muito estratégico na transição energética, porque a maior parte das riquezas, em especial as minerais, estão nos países nos países que pertencem ao Brics, em especial agora com o alargamento de seus participantes”, disse Silveira na última terça (14/1).
Corrida pelo lítio
A declaração ocorreu junto ao anúncio de que a Ma’aden, braço de mineração do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla em inglês), abriria seu primeiro escritório em São Paulo, com uma expectativa de investimentos de cerca de R$ 8 bilhões no mapeamento geológico de minerais críticos no Brasil e parcerias com mineradoras brasileiras.
O Brasil vem se destacando na descoberta de novas reservas de lítio, em especial, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais – apelidado de Vale do Lítio.
Nesta quarta (15/1), a Ma’aden também anunciou um termo de compromisso com a petroleira saudita Aramco, para formação de uma joint venture de exploração de minerais na Arábia Saudita.
A joint venture vai focar em minerais de transição energética, incluindo a extração de lítio de depósitos de alta concentração e o avanço de tecnologias econômicas de extração direta de lítio. A produção comercial do mineral deve começar até 2027.
“Esta joint venture proposta nos permitiria acelerar a exploração da Plataforma Árabe, combinando o vasto conhecimento da Aramco sobre a área com a extensa experiência em mineração e exploração de Ma’aden”, afirmou em nota Darryl Clark, vice-presidente sênior de exploração da mineradora.