Missão no Oriente Médio

Fundo de investimento da Arábia Saudita deve aportar R$ 8 bilhões em pesquisa mineral no Brasil, diz MME

Ma'aden abrirá escritório em SP e direcionará recursos para minerais críticos. Brasil assume protagonismo no Brics com foco na transição

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, em visita ao Oriente Médio (Foto Divulgação)
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em visita ao Oriente Médio | Foto Divulgação

RIO – A Ma’aden, braço de mineração do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla em inglês), planeja abrir seu primeiro escritório em São Paulo, segundo o ministro de Minas e Energia brasileiro, Alexandre Silveira (PSD), nesta terça (14/1). Durante missão ao Oriente Médio, o ministro afirmou que há uma expectativa de investimentos de cerca de R$ 8 bilhões.

Os valores serão direcionados para mapeamento geológico de minerais críticos para transição energética no Brasil. Além disso, o fundo saudita também deverá estudar parcerias com mineradoras brasileiras. 

“Carecemos muito de conhecermos mais do nosso subsolo, para pesquisa e para parcerias com o setor mineral brasileiro, a fim de que a gente possa explorar, fazer o aproveitamento sustentável, adequado, do subsolo brasileiro. Porque não há transição sem mineração”, disse à jornalistas, durante um evento de mineração na capital saudita, Riade. 

A iniciativa, segundo Silveira, está alinhada com a estratégia Vision 2030 da Arábia Saudita, para diversificar sua economia para além da exploração e produção de óleo e gás

O anúncio vem após a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) entre os Emirados Árabes Unidos e o governo brasileiro, na última sexta (10/01), prevendo até R$ 15 bilhões para a cadeia de minerais críticos no Brasil. 

O papel dos Brics na transição energética

Silveira também destacou o papel dos Brics na transição energética, em especial na exploração de minerais críticos. 

Atualmente, o bloco inclui um grupo de países do Sul Global formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e Arábia Saudita – este último ainda não integrado formalmente. 

Em janeiro, o Brasil assumiu a presidência do Brics com uma agenda que inclui a transição energética e a reforma dos mecanismos financeiros globais, em que pretende fazer uma ponte entre os acordos alcançados durante a presidência do G20, em 2024, e a COP30, que acontece em Belém (PA), em novembro de 2025.

Diferente das discussões que ocorreram na COP29 de cobrança por financiamento climático com recursos de países ricos, no Brics, o foco da presidência brasileira será no papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) – conhecido como banco do Brics, hoje comandado pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.

“Tenho falado muito com a presidenta Dilma e ela é muito consciente que o Brics tem um papel muito estratégico na transição energética, porque a maior parte das riquezas, em especial as minerais, estão nos países nos países que pertencem ao Brics, em especial agora com o alargamento de seus participantes”, afirmou Silveira. 

“Na discussão do Brics como um todo, dos países membros, eles serão protagonistas de uma transição energética, como eu disse, equilibrada, justa, inclusiva”, completou. 

Fósseis no financiamento de fontes renováveis 

O financiamento da transição energética a partir de recursos advindos do petróleo gás também foi outro ponto destacado pelo ministro. Ele citou o caso da Arábia Saudita que hoje quer ser vista “como o eixo dos investimentos em energias limpas e renováveis”. 

“Eles estão aproveitando os recursos do petróleo para fazer transição energética como ninguém”, afirmou o ministro, destacando projetos da Arábia Saudita em parques solares, eólicas e na maior planta de produção de hidrogênio verde do mundo, além de investimentos fora do país, o que abre oportunidades para o Brasil.

“Toda cadeia de petróleo reconhece a necessidade de buscarmos fontes alternativas e o Brasil é o celeiro dessas fontes alternativas. Pela sua potencialidade hídrica, pelo seu vento, pelo seu sol, clima tropical, mas também pelas políticas públicas”, completou Silveira. 

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