A energia está presente em inúmeras áreas, sendo assim um componente essencial para qualquer operação, mas seu papel no setor de data centers está passando por uma transformação crítica.
Hoje, o conceito de “site selection”, processo de escolha do local ideal para novas instalações, tradicionalmente baseado em fatores como conectividade e proximidade de grandes mercados consumidores, está sendo reavaliado.
Surge um novo paradigma: o “power selection”, onde a disponibilidade de energia em uma região se tornou o ponto de partida para a localização e construção de data centers.
Essa mudança é impulsionada pelo crescente consumo de energia, especialmente considerando as tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, e pela busca por eficiência e sustentabilidade, desafios que estão moldando o setor da infraestrutura digital mundialmente.
O Brasil, por exemplo, já é um dos maiores consumidores de energia da América Latina, com a demanda projetada para crescer em cerca de 30% até 2030, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O atual cenário evidencia a crescente correlação entre a operação de data centers e o contexto energético global. Com a demanda por dados e processamento em constante crescimento, a infraestrutura precisa ser cada vez mais robusta, sustentável e competitiva. A questão da sustentabilidade, antes vista como um diferencial, agora é parte do dia a dia operacional e vital para a competitividade no longo prazo.
Além de avançar em termos de tecnologia sustentável, é importante que o Brasil desbloqueie os gargalos que ainda freiam o setor de data centers e estabeleça um fornecimento de energia dinâmico para que possamos entregar os projetos na janela de tempo pedida.
A burocracia e a complexidade da regulação energética no país são barreiras significativas. Precisamos de um ambiente regulatório mais ágil, capaz de acompanhar a velocidade com que projetos de grande porte avançam. Nesse contexto, é essencial que governo, setor privado e órgãos reguladores trabalhem em conjunto para criar um cenário rápido e eficiente.
No aspecto operacional, o setor precisa encontrar formas de otimizar o uso de cada quilowatt consumido. O abastecimento consciente de energia não é apenas uma questão de custo, mas de responsabilidade operacional.
Práticas como a modernização de equipamentos e a implementação de soluções para o reaproveitamento de água são exemplos práticos de como as empresas podem contribuir para um futuro mais sustentável, sem comprometer a competitividade.
O papel da energia no setor de data centers evoluiu de forma significativa, tornando-se o principal fator estratégico para a expansão e operação dessas infraestruturas.
O conceito de “power selection” reflete essa mudança de paradigma, evidenciando que a sustentabilidade e a eficiência energética não são mais apenas diferenciais, mas sim pilares fundamentais para a competitividade e a sobrevivência a longo prazo.
A transição para um modelo mais sustentável e eficiente já começou – agora, cabe a todos os envolvidos garantir que ela seja acelerada e maximizada para atender às demandas de um futuro digital cada vez mais promissor para não perdermos o timing dessa oportunidade.
Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.
Tito Costa é CRO da Elea Data Centers.