A expansão projetada para a geração solar fotovoltaica no Brasil em 2025 é de 13,2 gigawatts (GW) de potência instalada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Ao todo, o setor deve atrair R$ 39,4 bilhões em investimentos no próximo ano.
A projeção inclui usinas de geração centralizada e projetos de geração distribuída, no qual o consumidor gera a própria energia. Caso os números se confirmem, a solar vai chegar ao fim do próximo ano com uma potência instalada de 64,7 GW, alta de 25,6% sobre a atual, que é de 51,5 GW.
A expectativa é que ao final do próximo ano a geração distribuída atinja 43 GW, enquanto 21,7 GW estarão em grandes usinas solares.
Segundo a projeção, os investimentos podem resultar em uma arrecadação extra de mais de R$ 13 bilhões aos cofres públicos e gerar mais de 396,5 mil novos empregos no próximo ano.
A Absolar afirma, no entanto, que o ritmo do crescimento da energia solar vai ser determinado pela garantia de ressarcimento às empresas pelos cortes na geração renovável determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o chamado “curtailment”.
Os cortes começaram depois do apagão de agosto de 2023, devido ao excesso de injeção de energia nas redes.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) concedeu uma liminar para que os geradores solares e eólicos sejam indenizados pelos cortes de geração, após agravo de instrumento pleiteado pela Absolar e pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
“A medida marca um passo relevante para restabelecer a segurança jurídica, regulatória e financeira das empresas do setor de renováveis, bem como pode pavimentar investimentos no segmento”, disse a Absolar em nota.
Segundo informações da ePowerBay, em outubro os parques mais afetados pelos cortes em termos percentuais estavam no Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia.
O assunto é um dos itens da agenda regulatória da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para 2025 e 2026.
Outros desafios
O cenário macroeconômico desfavorável, a desvalorização do real e a tendência de alta do juros também são fatores de alerta para a confirmação dos investimentos no país no próximo ano.
“Mesmo diante destas turbulências, o setor solar fotovoltaico brasileiro segue comprometido com a transição energética sustentável do Brasil”, disse em nota o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
O setor deve ser afetado ainda pelo aumento de 9,6% para 25% do imposto de importação das células fotovoltaicas utilizadas em painéis solares (extra-quota) a partir de junho de 2025.
Segundo cálculos da consultoria Greener, a alta no imposto tende a impactar sobretudo a geração distribuída. Um sistema fotovoltaico residencial de 4 kWp (kilowatt-pico), por exemplo, deve ter um aumento no preço de 13% devido às maiores tarifas.
De acordo com a Greener, se considerado apenas o módulo fotovoltaico, a alta pode chegar a 26%, em média, podendo ser ainda maior caso o frete dos equipamentos importados da China continue a encarecer.
Com isso, o tempo do retorno de investimento também deve aumentar em 6,7%, o que pode tornar a opção pela geração própria de energia menos atrativa.
A Absolar também elencou como prioridade para 2025 a solução dos conflitos para a injeção na rede da energia da geração distribuída, com as alegações de inversão de fluxo de potência pelas distribuidoras.
A entidade defende que as regras para evitar restrições à geração distribuída sejam determinadas em lei, com a inclusão no projeto de lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe). Outra prioridade é o cálculo dos benefícios e custos da geração distribuída, pela Aneel.