BRASÍLIA – A autorização para que quatro cooperativas de distribuição simulem contratações no mercado livre de energia para clientes de baixa tensão vai ser um teste para o comportamento do consumidor de baixa tensão. Esperada para os próximos anos, a abertura total do ambiente de contratação mudará as relações de consumo, mas enquanto isso não ocorre o mercado realiza simulações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou em novembro o sandbox tarifário – uma espécie de experimentação relacionada às contas de luz – a ser realizado pelas empresas Cooperativa de Eletrificação Braço do Norte (Cerbranorte), Cooperativa Regional de Energia Taquari Jacuí (Certaja), Cooperativa de Distribuição de Energia Teutônia (Certel), e Coprel Cooperativa de Energia (Coprel).
Durante o ano de 2025, essas cooperativas, que operam nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, testarão as dinâmicas de contratação junto aos consumidores, em simulações do mercado livre de energia.
Consumidores de baixa tensão serão expostos a cenários diferentes das regras do ambiente de contratação regulada (ACR).
A Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop) foi a idealizadora do projeto. Segundo o superintendente da entidade, José Zordan, a ideia é antecipar o movimento que deve se concretizar nos próximos anos.
“O objetivo principal do projeto é conduzir experimentos controlados visando a abertura total de mercado em uma amostra de consumidores de baixa tensão e preparar as cooperativas permissionárias e seus processos para o mercado livre”, disse.
Ainda não é possível para os consumidores de baixa tensão migrar para o mercado livre. As regras para essa abertura ainda estão em discussão no governo.
Entretanto, todos os clientes de média e alta tensão foram liberados para entrar no ambiente livre a partir de janeiro de 2024 e a adesão tem sido elevada.
Desde o início de 2024, mais de 21 mil unidades consumidoras já aderiram ao ambiente de contratação livre (ACL), de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Como vai funcionar a simulação para os clientes de baixa tensão?
A primeira etapa após a aprovação da Aneel consiste em uma pesquisa de campo. Entre 15 mil consumidores consultados, 3,1 mil serão escolhidos para receberem ofertas de tarifas diferenciadas.
O sandbox pretende entender como o consumidor reagirá a diferentes tipos de contratos, com apelos econômicos e ambientais variados.
O estudo pretende responder questões valiosas para o contexto que antecede a abertura do mercado de baixa tensão.
“O associado das permissionárias está disposto a comprar energia de outros agentes? O vínculo cultural com as permissionárias é mais forte do que eventuais benefícios econômicos? Como será o faturamento da baixa tensão no mercado livre massificado? E as relações comerciais?”, listou Zordan.
Todos esses questionamentos estão ligados diretamente ao entendimento dos clientes em relação às contas de energia.
Por se tratarem de cooperativas de pequeno porte, onde há mais proximidade com o consumidor, a Aneel entendeu que existe uma possibilidade para testar como serão as relações entre empresas e clientes.
“Existe a confiança, a inter-relação, a intercooperação, porém como ele é um consumidor de energia ele irá optar pela que melhor lhe convier”, afirmou.