BRASÍLIA – A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o volume de óleo in place na bacia da Foz do Amazonas é de 23,1 bilhões de barris de petróleo, sendo 10 bilhões de barris recuperáveis. Os números consideram as porções noroeste e sudeste da bacia e o Cone do Amazonas.
A apresentação foi feita pela consultora técnica da EPE, Regina Fernandes, durante workshop sobre o programa Potencializa E&P, realizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) nesta quinta (21/11).
A porção noroeste da bacia da Foz do Amazonas tem 6,2 bilhões de barris recuperáveis. A estimativa considera um fator de recuperação de 35% e volume in place de 17,7 bilhões de barris.
Já na área do Cone do Amazonas, a consultora da EPE afirmou haver expectativa para a ocorrência de gás natural. Dados de mais de 40 poços perfurados indicaram alto potencial para reservatórios. Na região, a estimativa é de 4,2 bilhões de barris in place, sendo 3,4 bilhões recuperáveis, segundo a EPE.
A porção sudeste da Foz do Amazonas demonstrou, nos estudos da EPE, ter 400 milhões de barris de óleo equivalente recuperáveis, sendo 300 milhões de petróleo e 11 bilhões de m³ de gás natural.
Foram utilizados dados públicos e confidenciais, obtidos junto ao Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), em acordo de cooperação da EPE com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo Fernandes, as similaridades geológicas com a Guiana reforçam a importância da bacia da Foz do Amazonas.
“Guiana e Suriname viram sua produção expandir de zero, em 2019, para 360 mil barris por dia, com potencial para ultrapassar um milhão [de barris/dia] em 2027”, afirmou.
A estimativa conservadora da EPE é atingir o pico de produção de 303 mil barris/dia após 14 anos do início da produção. A consultora da EPE, no entanto, acredita que o volume pode ser ainda maior: “A gente teria pelo menos umas dez unidades e alcançaria, quem sabe, 1 milhão de barris por dia”, disse.
Na curva de arrecadação, está previsto um pico de R$ 4 bilhões.
Problemas com a licença
A Petrobras tem enfrentando dificuldade com a obtenção da licença ambiental para perfurar na Margem Equatorial, principal aposta para substituir o declínio das reservas do pré-sal.
Em outubro, a diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama emitiu um parecer técnico no qual rejeita a revisão do Plano de Proteção à Fauna (PPAF), apresentado pela estatal, e recomenda o indeferimento da licença e o arquivamento do processo de perfuração de poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas.
A companhia realiza na região o programa exploratório mínimo (PEM) e, para agilizar o processo, os dados sísmicos serão interpretados na medida em que foram coletados.
A previsão da empresa é de que a etapa de seleção de poços e de obtenção da licença ambiental para fazer a perfuração leve de um e dois anos.
A diretora de exploração e produção, Sylvia Anjos, afirmou que a empresa vem adequando todas as questões exigidas nos manuais do Ibama para a obtenção da licença e espera responder, até o fim de novembro, os últimos questionamentos feitos pelo órgão ambiental.
A diretora de assuntos corporativos, Clarice Coppetti, disse acreditar que sejam necessários entre três e quatro meses após a liberação da licença para fazer a perfuração do primeiro poço exploratório no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas.
O trabalho envolve o tratamento da embarcação, remoção do coral-sol e a mobilização de fornecedores para a costa do Amapá. O coral-sol é uma espécie invasora, que precisa ser retirada das embarcações que serão deslocadas para a região Norte.