BRASÍLIA — Na primeira visita de um presidente dos Estados Unidos à Amazônia, o democrata Joe Biden anunciou no domingo (17/11), em Manaus (AM), uma coalizão para acelerar a conservação e a restauração das florestas brasileiras, a partir de aportes na bioeconomia.
Biden veio ao Brasil para a cúpula de líderes do G20 e participou de um evento paralelo sobre bioeconomia no domingo. O presidente dos EUA deixará a Casa Branca em janeiro, para sucessão do rival republicano Donald Trump — que pode mudar os rumos das relações bilaterais.
A chamada Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (Coalizão BRB) planeja investimentos direcionados e agregados de pelo menos US$ 10 bilhões até 2030.
Esse volume é a somatória do que deve ser aportado pelos membros fundadores: Agni, Banco do Brasil, BNDES, Biomas, BTG Pactual, Conservação Internacional, Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, IDB Invest, Instituto Arapyaú, Instituto Clima e Sociedade, Instituto Itaúsa, Mombak, The Nature Conservancy, Regia Capital, re.green, Grupo Banco Mundial e Fórum Econômico Mundial.
O apoio deverá ser direcionado a projetos que tenham o objetivo de conservar e restaurar pelo menos 5 milhões de hectares de florestas no Brasil.
As metas da coalizão também incluem lançar — até 2030 — projetos que ajudem a sequestrar pelo menos 1 gigatonelada de emissões de CO2. Para dar uma dimensão: em sua meta climática para 2035, o Brasil sinalizou que pretende emitir de 1,05 a 0,85 GtCO2e.
Também estão previstos investir de US$ 500 milhões em iniciativas que beneficiem povos indígenas e comunidades locais, com foco na região amazônica, segundo o grupo.
Uma das expectativas é complementar as iniciativas brasileiras nas áreas de clima e natureza, como a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica e o Nature Investment Lab para alavancar investimentos em atividades-chave da bioeconomia — como agricultura de baixa emissão de carbono, projetos de manejo florestal e ações de uso da terra.
Isso poderia apoiar a meta do Brasil de restaurar 12 milhões de hectares de floresta até 2030, diz o comunicado.
Os primeiros resultados estão previstos para serem anunciados na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a ser realizada em Belém, no Brasil, no final de 2025.
Bioeconomia na COP29
Enquanto isso, em Baku, no Azerbaijão, a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) encaminhou sugestões ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) para inclusão da bioeconomia na agenda que será adotada pelos países ao longo da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que segue até 22 de novembro.
O documento divulgado na semana passada defende o estímulo ao consumo de bioprodutos, por meio da redução das barreiras tarifárias e não tarifárias para o estímulo a compras públicas preferenciais, como estratégias de mitigação.
Segundo a ABBI, biocombustíveis, bioquímicos, bioinsumos, proteínas alternativas e outros biomateriais trazem reduções significativas que podem atender as metas de previstas para 2030 e as novas NDCs que serão anunciadas pelos países até a COP30 no Brasil.
A entidade também sugere que indicadores sociais sejam utilizados na seleção de projetos de mitigação inscritos para receberem o financiamento climático.