O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, destacou, na tarde deste domingo (17/11), a urgência da transição energética e defendeu o tratamento diferenciado entre países ricos e pobres neste processo.
O líder norueguês ainda ressaltou a importância de cumprir os compromissos assumidos no Acordo de Paris, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
“Temos que limitar o aumento da temperatura, 1,5 °C. Temos de garantir a transição energética, o que significa deixar de usar combustíveis fósseis e passar a usar renováveis. E, acima de tudo, reduzir as emissões”, declarou, durante almoço promovido pelo governo norueguês no Rio de Janeiro.
O premiê está no Brasil para participar das reuniões do G20 na próxima semana, a convite da presidência brasileira.
Støre reforçou a necessidade de uma ação global coordenada para combater as mudanças climáticas.
“Os países do G20 representam 80% do PIB mundial e 80% das emissões de CO2. Portanto, o que discutirmos aqui terá grande importância para a forma como abordaremos as mudanças climáticas e a transição energética”, disse a jornalistas.
Interesse no gás natural
Apesar de sua defesa da transição energética, a Noruega é um dos maiores exportadores de petróleo e gás natural do mundo.
Em 2023, o país foi responsável por cerca de 30% de todas as importações de gás para a União Europeia, tornando-se um dos principais fornecedores após a redução das importações russas devido às sanções relacionadas ao conflito na Ucrânia.
Além disso, o país espera no G20 promover a inclusão da tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) nos comunicados finais do grupo.
A tecnologia é considerada crucial pela Noruega para mitigar as emissões de CO2, mas é criticada por ambientalistas por ser uma forma de prolongar a exploração e uso de combustíveis fósseis.
O governo norueguês, inclusive, desenvolve o projeto Northern Lights, em colaboração entre TotalEnergies, Equinor e Shell, que é o primeiro projeto comercial de CCS em larga escala do mundo.
Contudo, mesmo que a economia norueguesa ainda dependa significativamente da exploração de hidrocarbonetos, o país tem mais de 90% da sua matriz elétrica de origem renovável. Tem se destacado também na adoção de veículos elétricos, com o número de carros totalmente elétricos superando este ano, pela primeira vez, os veículos movidos a derivados de petróleo.
Transição diferenciada entre países ricos e pobres
Støre destacou que a transição energética precisa levar em consideração as diferenças econômicas entre os países e defendeu que “os países que vivem na pobreza terão como prioridade sair da pobreza”.
Para isso, o primeiro-ministro norueguês considera fundamental que esses países recebam apoio para evitar um desenvolvimento baseado em altas emissões de carbono.
“Acho que um tema importante aqui no G20 é ajudar os países a saírem da pobreza sem entrar no caminho do carbono poluente (…) Sabemos o que precisamos fazer. E o mais importante aqui é que temos que fazer isso juntos”, concluiu o primeiro-ministro norueguês.
Fundo Amazônia
Støre também pontuou a importância da preservação das florestas tropicais, em especial a Amazônia, mencionando o apoio da Noruega ao Fundo Amazônia.
“Temos que preservar as florestas tropicais no Amazonas, que a Noruega apoia por meio do Fundo Amazônia”, ressaltou.
Neste domingo, o país anunciou a doação de mais US$ 60 milhões (cerca de R$ 350 milhões) ao Fundo Amazônia, de combate ao desmatamento no bioma. Desde 2013, a Noruega é o maior doador do fundo, com recursos que superam R$ 3 bilhões.