O presidente Lula defendeu que as cidades precisam ser contempladas nos mecanismos de financiamento da transição climática. Em discurso na abertura do Urban 20, grupo de engajamento do G20 sobre cidades, Lula lembrou que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito de estufa e por 75% do consumo global de energia.
“O planejamento urbano também terá um papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima”, afirmou no evento no Rio de Janeiro neste domingo (17/11).
Lula ressaltou que os centros urbanos estão desproporcionalmente expostos às consequências das mudanças climáticas e lembrou dos exemplos recentes das enchentes no Rio Grande do Sul e na Espanha.
O presidente criticou a dificuldade de acesso a financiamento para o Sul Global e defendeu a reforma da arquitetura financeira internacional.
“Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles”, disse.
“Existe um déficit no financiamento urbano, que não consegue acompanhar o ritmo da urbanização desordenada em muitas partes do mundo, como a África, a Ásia e a América Latina”, acrescentou.
Durante o evento, que ocorre às vésperas da Cúpula de Líderes do G20, Lula recebeu uma carta assinada por representantes de mais de cem cidades ao redor do mundo com a proposta de criação de um fundo garantidor para facilitar a chegada de US$ 800 bilhões anuais em financiamento às cidades, direcionados a projetos de adaptação e mitigação climática.
Oportunidade para modernizar cidades, diz presidente do Chile
Também presente ao evento, o presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que o combate à crise do clima é também uma oportunidade para modernizar as cidades. Boric lembrou dos esforços do país para ampliar a eletromobilidade e a eficiência energética em novas construções.
Santiago, capital chilena, é hoje a cidade fora da China com o maior número de ônibus elétricos do mundo.
“Estamos convencidos que todos temos que contribuir, mas também temos que ter clareza de que há alguns que têm mais responsabilidade que outros. E, desses países que têm mais responsabilidade, devemos exigir que cumpram com as suas partes, porque geralmente são os países pequenos, de emissões médias ou baixas, que serão mais afetados pela crise do clima”, disse.
Boric elogiou os esforços do Brasil durante a presidência do G20 este ano para a reforma do financiamento climático e a melhoria no acesso aos fundos globais.