Mercado livre de energia

Bases das Forças Armadas ampliam migrações para o mercado livre de energia 

Comercializadoras estão de olho em oportunidades de licitações de órgãos públicos

Leilão de transmissão de energia, marcado para março de 2024, prevê R$ 20,5 bilhões de investimentos. Na imagem: Central elétrica com grandes torres e linhas de transmissão de energia de alta tensão; ao fundo, densas nuvens brancas, na parte de baixo, e céu azul acima (Foto: Agência Senado)
Central elétrica de alta tensão (Foto: Agência Senado)

A abertura do mercado livre de energia está atraindo bases da Marinha, Exército e Aeronáutica. Com a possibilidade dos órgãos militares migrarem para o ambiente livre, as comercializadoras passaram a ficar atentas às licitações para contratação dos serviços.

O movimento faz parte de um contexto de abertura do mercado, que possibilitou, a partir de 2024, a migração de clientes com consumo inferior a 500 kilowatts (KW). 

Em outubro, a Marinha do Brasil assinou contratos para a migração de 18 bases e organizações militares. Instalações na Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo passaram a integrar o ambiente de contratação livre (ACL). A estimativa é que sejam economizados R$ 160 milhões até 2030.

A Matrix Energia foi a vencedora das licitações de sete das bases da Marinha. 

A companhia também venceu recentemente uma concorrência para o fornecimento à Base Aérea de Taubaté, controlada pelo Exército.

Recentemente, a Urca Trading arrematou uma das bases nas licitações da Marinha, mas já atuava no segmento. A empresa tem contratos com a Aeronáutica.

Redução nos gastos dos cofres públicos 

O gerente comercial da Matrix Energia, Gilberto Rossi, vê a migração de órgãos públicos para o mercado livre como uma forma de diminuir custos aos cofres públicos.

“O caminho do setor público é esse. É entrar no mercado livre com segurança, bem assessorado, bem embasado. Vai reduzir gastos para nós, os contribuintes”, diz.

A Matrix afirma estar atenta a novas licitações. Os órgãos públicos de administração direta consomem 3% de toda a energia elétrica do Brasil, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). São cerca de 15 gigawatts/hora (GWh) por ano.

A economia para os cofres públicos com a migração pode passar de 30% nos custos com eletricidade. 

Além de atender indústrias com consumo acima dos 20 megawatts (MW), a comercializadora atua ainda na intermediação para serviços públicos de esgoto, como a Sabesp.

O saneamento básico consome grandes montantes de energia, por conta dos sistemas de bombeamento e de tratamento da água.

“Uma cidade pequena de 20 mil habitantes gasta entre 2 MW e 3 MW. É um consumo bastante relevante. As pessoas acham que não consome muito, mas gasta mais que uma indústria. E é similar. Em uma indústria de refrigerante, é preciso bombear a água, tratar, juntar com xarope e depois envasar”, compara Rossi. 

Já a Urca Trading, tem contratos também com as prefeituras do Rio de Janeiro e de Porto Alegre.

Além das licitações de órgãos públicos as comercializadoras se preparam para uma possível abertura total, possibilitando a migração de consumidores residenciais.

Para o diretor comercial e de marketing da Urca Trading, Roni Wajnberg, o momento do mercado é de consolidação de grupos econômicos. 

“A gente já está vendo um mercado com bastante movimentação com relação à consolidação, fusões, aquisições e que muito provavelmente vai acabar acontecendo. Existe um paralelo muito parecido com o que aconteceu no mercado de telecomunicações. Ocorreu no começo dos anos 2000 e, com o tempo, as empresas acabaram se consolidando”, afirma.