RIO – A Vale assinou contratos de suprimento com a Origem Energia e com a Eneva e se prepara para ampliar sua presença no mercado livre de gás natural no ano que vem.
A mineradora espera entrar em 2025 com 900 mil m3/dia contratados no ambiente livre. Isso representa cerca de 90% de seu consumo de gás no Brasil. Para efeitos de comparação, o ambiente livre responde, em 2024, por 20% da demanda da companhia.
O plano é que todas as plantas da empresa sejam supridas majoritariamente pelo mercado livre de gás a partir de 2025.
Origem e Eneva serão, até o fim de 2025, as fornecedoras da Unidade Tubarão, em Vitória (ES) – que é responsável por cerca de 60% de todo o consumo de gás natural da Vale.
No local, a companhia opera seis plantas de produção de pelotas e uma de briquete de minério de ferro. Uma segunda planta de briquete será inaugurada no início de 2025.
O acordo com a Vale marca a estreia da Origem no ambiente livre de contratação. Para a Eneva, representa o primeiro grande contrato com um cliente industrial do hub de gás de Sergipe.
A mineradora informou que, além dos acordos com a Origem e Eneva, outros contratos de fornecimento devem ser fechados nas próximas semanas, para abastecimento de suas operações em Minas Gerais.
Curva de aprendizado
A diretora de Suprimentos Estratégicos da Vale, Mariana Rosas, conta que o aumento da exposição da companhia no mercado livre de gás “é fruto de uma jornada de amadurecimento”.
A migração da Vale, até aqui, ocorreu de forma gradual. Começou em 2023, por meio de contratos de pequenos volumes e curtíssimo prazo com diferentes fornecedores.
Na sequência, foram assinados os primeiros contratos de suprimento regular com diferentes supridores para atender a uma fração da demanda da planta de Vitória em 2024.
Os resultados dessas primeiras aquisições no ambiente livre, segundo a executiva, foram “muito satisfatórios”.
“Agora, em 2025, estamos mais maduros para fazer a migração quase que total do nosso volume para esse modelo de comercialização”, disse à agência eixos.
Para o ano que vem, a ideia é ampliar os volumes contratados no ambiente livre, para abastecer a unidade capixaba e a planta de pelotização no Complexo Vargem Grande (MG).
Em paralelo, a Vale está substituindo o óleo combustível por gás nos fornos da planta de pelotização de São Luís (MA). Um projeto que nasceu no mercado livre, a partir de um acordo de suprimento com a Eneva, de cinco anos de duração.
As obras de adequação estão sendo finalizadas e a previsão é que a planta comece a operar a gás até o final deste ano, contribuindo para uma redução de emissões de carbono da ordem de 28%, segundo a mineradora.
O gás virá do Complexo Parnaíba e será escoado até a capital maranhense por meio de carretas de gás natural liquefeito (GNL) de pequena escala.
Vale mira redução de custos e flexibilidade
Mariana Rosas destaca que a abertura do mercado se trata de “uma mudança sem volta”. A aposta da Vale no ambiente livre se dá, principalmente, pela busca por redução de custos.
A economia esperada com a migração para o ambiente livre é tratada como informação confidencial. Ela comenta, no entanto, que se trata de um “ganho significativo”.
Os benefícios da migração extrapolam a questão do preço da molécula. Segundo a executiva, a flexibilidade nas condições de suprimento é um dos motivos pelos quais a Vale está optando por uma maior adesão ao mercado livre.
“Acreditamos que essa liberdade é essencial e muito benéfica para a indústria, permitindo que cada consumidor busque modelos de contratos que atendam melhor às suas necessidades específicas”, afirmou.