ITAJUBÁ (MG) — A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável da GIZ inaugurou, nesta quarta (30/10), um projeto piloto de produção de hidrogênio verde, no campus da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais.
O projeto integra o Centro de Hidrogênio Verde (CH2V), inaugurado no ano passado, e conta um eletrolisador de 300 kW, tecnologia PEM (Membrana de Troca de Prótons), capaz de produzir hidrogênio verde a uma taxa de 60 Nm³ por hora. A energia para a eletrólise provém de três usinas solares fotovoltaicas instaladas no campus da UNIFEI.
A CH2V é uma iniciativa da H2Brasil, paceria da GIZ com o Ministério de Minas e Energia, que alocou no projeto aproximadamente 5 milhões de euros oriundos do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.
“O hidrogênio pode servir como combustível para transporte terrestre, marítimo e aéreo e o Brasil tem vantagens naturais e estruturais para se tornar um player mundial na transição para uma economia de baixo carbono e aproveitar as oportunidades econômicas associadas ao hidrogênio verde”, disse Markus Francke, diretor do H2Brasil.
Posto de abastecimento que garante mais autonomia
Além da unidade de produção, o centro conta com o primeiro posto de abastecimento de hidrogênio a 700 bar do país, tornando-se uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento para a mobilidade e a indústria de hidrogênio.
Daniel Lopes, Sócio e Diretor Comercial da Hytron, empresa fornecedora do eletrolisador e das estruturas de compressão e abastecimento, conta que a tecnologia permite abastecer em menos tem e dá mais autonomia ao veículo.
“Um veículo de passeio como o Toyota Mirai, abastecido a 700 bar, alcança entre 750 a 800 quilômetros de autonomia. Essa pressão garante autonomia superior à convencional, dobrando a eficiência em comparação com abastecimentos a menores pressões”, afirmou Lopes à agência eixos.
Montadoras e siderúrgicas interessadas no projeto
Segundo o reitor da Unifei, Edson Bortoni, o CH2V já atraiu o interesse de aproximadamente 20 empresas, incluindo a Mercedes-Benz e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que estão em tratativas para integrarem pesquisas sobre o uso do hidrogênio verde em seus processos.
“São empresas principalmente de mobilidade, fabricantes de caminhões, ônibus, carros, além de siderúrgicas que buscam alternativas ao gás natural para o aquecimento industrial. O hidrogênio verde é uma alternativa com grande potencial de descarbonização”, comentou Bortoni a jornalistas.
Estudo elaborado pela GIZ em parceria com MME revela que a transição para o hidrogênio verde no Brasil tem potencial de incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) em R$ 61,5 bilhões em 2050, criando cerca de 177 mil empregos.
O relatório ainda não publicado enxerga alto potencial nas indústrias de combustível sustentável de aviação (SAF) e siderurgia, que responderiam por 80% do uso do energético em meados do século.
O jornalista viajou a convite e com despesas pagas pela Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ)