RIO – São necessários 100 bilhões de barris em novas reservas de petróleo para evitar um descolamento entre oferta e demanda entre 2032 e 2050, de acordo com o vice-presidente sênior e chefe da área de pesquisa para a América Latina da Rystad Energy, Daniel Leppert.
De acordo com o executivo, por volta de 2040 haverá um déficit de 18 milhões de barris/dia de petróleo no mercado global.
Em apresentação na Offshore Week 2024 nesta quarta (30/10), evento da agência eixos, Leppert reforçou que é preciso mais óleo, a preços mais competitivos, para uma transição energética segura.
Nesse contexto, ele afirmou que o Brasil não pode abrir mão da exploração de petróleo e gás natural em meio à transição energética.
Para atingir a meta de restringir o aquecimento global a 1,5°C — considerado o ponto de inflexão da temperatura global em relação às temperaturas pré-industriais — seria preciso reduzir de 86% para 10% a dependência de combustíveis fósseis na demanda final por energia, enquanto a participação das renováveis no matriz energética global teria que passar de 20% para 89%.
“Para atingir essa meta, teríamos que seguir investindo 3,5 trilhões de dólares por ano. Uma transição muito cara. E, quando a gente fala de uma transição justa e acessível, esse não é o caminho”, disse.
Leppert estima um cenário mais provável, considerando o aumento da temperatura em 2°C, no qual a redução dos fósseis deveria ser de 89% para 60% e a inserção de renováveis passaria de 20% para 45%, na escala global. No caso do Brasil, mais da metade da matriz energética é renovável.
O Brasil atingirá, no início da próxima década, o pico da produção de petróleo, em torno de 5,5 milhões de barris por dia. De acordo com Leppert, o país é capaz de manter essa produção por dez anos, desde que renove as reservas em 11 bilhões de barris.
A Rystad estima um potencial de 3 bilhões de barris de descobertas em áreas que foram devolvidas à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por falta de atratividade no passado, nas bacias de Campos e Santos.
“A gente fez um cálculo que, considerando os 10 maiores campos do Brasil hoje, se aumentarmos o fator de recuperação em 7%, conseguimos preencher esses 11 bilhões de barris”, afirmou o executivo.
Margem Equatorial ajudaria recomposição de reservas
O superintendente de Petróleo e Gás na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Marcos Frederico, endossou a posição de que o Brasil não pode abdicar da exploração de novas fronteiras.
“Na Margem Equatorial, nós temos uma reserva entre 1,2 bilhão de 6 bilhões de barris. Ou seja, pode ser mais da metade do que a Rystad apontou para manter o pico da produção. Não tem como abrir mão dessas fronteiras”, disse Frederico.
Segundo o superintendente, os investimentos feitos agora em exploração levam até sete anos para começar a colher os resultados e, caso o Brasil não aumente as reservas, o crescimento da demanda nacional pode fazer com que o país tenha que aumentar a importação de petróleo, gás e combustíveis derivados.