Mercado livre de energia

Abertura do mercado estimula digitalização de serviços, afirma CEO da Clarke Energia

Consumidores terão acesso a tecnologias que vão levar à otimização de recursos

Pedro Rio, CEO da Clarke Energia
Pedro Rio, CEO da Clarke Energia | Divulgação

A abertura do mercado livre de energia poderá impulsionar tecnologias capazes de otimizar recursos e trazer benefícios aos consumidores, avalia Pedro Rio, CEO da Clarke Energia. Com a possibilidade de clientes residenciais se tornarem livres, a digitalização das redes representará uma mudança significativa.

A Clarke Energia foi fundada em 2019 por Rio e Victor Copque. Antes de se dedicar ao mercado livre, a empresa apostou em inovação em outra área, a de medidores de energia inteligentes.

“A gente acreditava muito que os medidores seriam uma fonte de dados para prestar consultoria e reduzir custos de energia elétrica. O que a gente aprendeu nesse processo foi que no futuro vai ser útil, mas ainda não é agora. Os equipamentos dão de fato muita informação, mas o mercado precisa do produto para usar esses dados”, contou.

A conclusão dos empreendedores foi clara: a base da inovação no setor elétrico é o livre mercado. Com uma migração em massa para o mercado livre de energia, será possível alavancar outras tecnologias.

Abertura dará mais informações para o consumidor

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já declarou que deve propor a abertura total do mercado até 2030. Atualmente, a adesão ao ambiente de contratação livre é restrita a consumidores de média e alta tensão.

Até lá, os clientes residenciais seguem pagando pelos serviços das concessionárias de distribuição de energia. 

“É muito difícil discutir IoT [Internet das Coisas] e sites com a ‘senhora Maria’. A gente está falando de um Brasil em que cada distribuidora tem uma fatura de energia diferente da outra e há uma grande dificuldade em ler uma conta de luz”, disse.

Com o avanço regulatório e tecnológico, o consumidor poderá saber quais serão os horários com energia mais barata. Consumidores de médio e grande porte poderão fazer, de forma menos burocrática, ações similares aos programas de resposta de demanda.

Nessa modalidade, clientes com alto consumo são remunerados para deslocarem as cargas de energia e, por consequência, desafogarem o sistema elétrico.

Marketplace no mercado livre de energia

Em 2021, a Clarke lançou um marketplace no mercado livre de energia. A ferramenta é destinada a consumidores de média e alta tensão que estão aptos a migrar ao ambiente livre.

A empresa tem uma carteira de grandes clientes, como a Mobly, Le Cordon Bleu, Dr.consulta, Burger King, XP e o Clube de Regatas Flamengo.

A expectativa é chegar até o fim do ano a mil clientes. Em 2024, a Clarke teve 70% do seu capital comprado pela Energisa, distribuidora de energia presente em 11 estados, com 20 milhões de clientes.