Terras raras

Exploração de terras raras em Goiás entra para lista de projetos estratégicos nos Estados Unidos e Europa 

O Serra Verde é o único produtor em escala, fora da Ásia, dos quatro elementos de terras raras fundamentais para a produção de ímãs permanentes

Mineradora australiana Meteoric Resources NL planeja investir R$ 1 bilhão na exploração de terras raras em Poços de Caldas, MG. Na imagem: Mineradora australiana espera investir R$ 1 bi na exploração de terras raras em MG (Foto: Khusen Rustamov/Pixabay)
Demanda por terras raras para transição energética deve crescer 40% nos próximos 20 anos (Foto: Khusen Rustamov/Pixabay)

RIO — O Serra Verde Group, que desenvolve um projeto de exploração de terras raras em Goiás, foi adicionado, nesta segunda (21/10), à lista de projetos da Minerals Security Partnership (MSP) considerados “de importância crítica” para a transição energética global.

A MSP é uma colaboração internacional composta por 14 países parceiros, incluindo Estados Unidos e a União Europeia, focada em assegurar cadeias de suprimento de minerais críticos, reduzindo a dependência da China.

O Serra Verde é o único produtor em escala, fora da Ásia, dos quatro elementos de terras raras fundamentais para a produção de ímãs permanentes. Estes ímãs são essenciais para turbinas eólicas, motores de veículos elétricos, condicionadores de ar e outras tecnologias para a energia renovável.

A inclusão do projeto na lista também marcou o aporte de US$ 150 milhões das empresas Denham Capital e Energy and Minerals Group, dos Estados Unidos, além da britânica Vision Blue Resources, que irão viabilizar a expansão da capacidade de produção do projeto no município goiano de Minaçu, com planos de dobrar suas operações até 2030. 

“Os Estados Unidos dão as boas-vindas ao novo investimento no projeto de elementos de terras raras da Serra Verde, no Brasil (…) Este investimento marcante apoia o desenvolvimento sustentável de cadeias de fornecimento de minerais essenciais mais relevantes para tecnologias de energia limpa”, afirmou o Departamento de Estado dos EUA, em comunicado oficial

Para Thras Moraitis, CEO da Serra Verde, o anúncio endossa o papel que o empreendimento pode desempenhar no estabelecimento de cadeias de suprimento de terras raras “sustentáveis, seguras e diversificadas para permitir a transição energética global”. 

Aproximação dos EUA para minerais críticos

As ações marcam um esforço dos Estados Unidos para estreitar suas relações com o Brasil e assegurar o fornecimento de minerais críticos para a indústria dos EUA. Há a expectativa de que um grande anúncio seja realizado durante a cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, abordando o tema.

Os investimentos das empresas norte-americanas no projeto de Serra Verde ocorre pouco mais de um mês após o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, cobrar uma participação maior de companhias dos Estados Unidos em setores cruciais como mineração, baterias para veículos elétricos e hidrogênio verde no Brasil.

A iniciativa também foi celebrara pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

“Além da importância econômica, emerge do episódio mais uma sinalização para a elevação dos minerais críticos ao grau de assunto de Estado, vinculado à segurança nacional e soberania, por parte dos Estados Unidos, assim como já ocorre em outros países”, escreveu o diretor presidente do Ibram, Raul Jungmann, em sua rede social.