Opinião

A biorrevolução como caminho para a construção de uma sociedade mais sustentável

Quando pensamos em futuro, não há outro caminho a não ser o mais verde possível, escreve Antonio Queiroz

A biorrevolução como caminho para a construção de uma sociedade mais sustentável (Foto: Divulgação Braskem)
Antonio Queiroz, vice-presidente de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável da Braskem | Foto: Divulgação Braskem

Nos últimos tempos, o encontro entre ciências biológicas, ciência da computação e engenharia tem transformado o mundo e criado soluções tecnológicas que geram, por exemplo, alta produtividade no campo, maior controle de pragas, novas vacinas e medicamentos.

É a chamada biorrevolução, um conceito nascido pela integração dessas ciências que impacta áreas como economia, saúde, agricultura, energia e, claro, a indústria.

Segundo o estudo publicado pela consultoria global McKinsey, em 2020, cerca de 60% dos materiais físicos que usamos no mundo poderiam ser produzidos biologicamente (com matérias primas renováveis) em alguns anos.

No cenário atual, a sustentabilidade está mudando a base da concorrência nos produtos químicos e materiais, de modo a gerar uma transformação também no lado da demanda. É realmente uma revolução.

Outro tema muito influenciado por esse movimento é a agricultura. Um exemplo é o processo de transformação do solo que já tem sido utilizado no Brasil, onde os microrganismos presentes na terra são transformados por meio da tecnologia para garantir maior absorção de nutrientes pelas plantas. E os resultados são: menor uso de fertilizantes químicos, melhor auxílio na prevenção de erosões e colheitas com maior qualidade.

Mas os impactos positivos da biorrevolução vão além. O combate às mudanças climáticas é um ponto-chave que o uso da biotecnologia em grande escala deve potencializar.

O estudo da McKinsey ressaltou que, entre 2040 e 2050, as aplicações diretas dimensionadas pela consultoria poderão reduzir a média anual de GEE (gases de efeito estufa) produzidos pelo homem de 7% a 9% em relação aos níveis de emissões de 2018. Isso equivale a até oito vezes o dióxido de carbono total (CO2) emitido pela indústria aérea global em 2018.

Tamanha eficiência tem feito cada vez mais grandes companhias incorporarem essa frente em suas estratégias de negócio, investindo em inovações disruptivas que as permitam alcançar objetivos ambiciosos de desenvolvimento sustentável.

Na Braskem, por exemplo, aceleramos iniciativas de inovação aberta, estabelecendo parcerias importantes em torno da pesquisa e desenvolvimento de novas soluções renováveis. Além disso, recentemente inauguramos um Centro de Inovação em Renováveis em Lexington, na região metropolitana de Boston (EUA). Ele é um exemplo de um ponto de inovação que veio para compor o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento mundial da companhia e tem foco total na pesquisa e no desenvolvimento a partir de matéria-prima renovável.

Mas isso vai além. Lembro, inclusive, que as primeiras soluções no uso da cana-de-açúcar na produção do plástico verde da companhia, por exemplo, já estão no mercado há quase 15 anos e seguem como uma inovação em aprimoramento e expansão.

Entendo que inovar deve ser algo contínuo e essencial nas companhias. Por isso, quando pensamos em futuro, não há outro caminho a não ser o mais verde possível.

E olhando para a abrangência de segmentos e o impacto significativo que a biotecnologia pode provocar, entendo que a biorrevolução é uma tendência que requer amplo engajamento de todos os setores. É positivo que os investimentos nesta tendência já estejam sendo parte da estratégia de grandes empresas e sejam vistos como ferramentas de preparação para desafios estruturais que permitirão a transformaçãopara uma economia circular e neutra em carbono.

Em outras palavras, tenho a certeza de que esse é o caminho a ser trilhado para construirmos uma sociedade cada vez mais sustentável.


Antonio Queiroz é vice-presidente de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável na Braskem e atua na companhia há mais de 17 anos. Graduado em engenharia química e doutor em políticas científicas e tecnológicas pela Unicamp, o executivo também atua no Conselho Superior de Inovação e Competitividade da FIESP e no conselho da Oxygea Ventures, fundo de investimentos criado pela Braskem para impulsionar a sustentabilidade e a transformação digital.