Acordo de Paris

Meta climática deve focar no desmatamento para evitar custos para indústria, avalia MDIC

Desmatamento deve deve ser o foco das metas climáticas brasileiras, na revisão da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), do Acordo de Paris, defende Rollemberg

Formação de pasto para o gado em região desmatada na Amazônia Legal (Foto: Marcio Isensee/Idesam)
Formação de pasto para o gado em região desmatada na Amazônia Legal (Foto: Marcio Isensee/Idesam)

RIO – O secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg, afirmou, nesta quarta (9/10), que as metas brasileiras de descarbonização na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), do Acordo de Paris, devem focar no desmatamento. 

Segundo ele, “o Brasil está próximo de anunciar suas NDCs” e em seguida “partir para a definição de metas setoriais”, disse durante o evento UK & Brazil: Partners in Energy, no Rio de Janeiro.

Contudo, Rollemberg ressaltou que o esforço maior deve ser do segmento que mais responde pelas emissões de gases de efeito estufa, que no caso brasileiro é o uso da terra, especialmente o desmatamento e a agricultura.

“É muito claro a gente ter em mente que o grande responsável pelas emissões no Brasil é o desmatamento e, em seguida, a agricultura. A nossa indústria é responsável por 10% apenas das emissões, 6% do processo industrial e 4% da utilização de energia”, disse o secretário.

Na avaliação de Rollemberg, o combate ao desmatamento pouparia a indústria de custos maiores para a descarbonização das suas atividades. 

“Isso contribuiria muito para que o Brasil pudesse atingir as suas NDCs sem comprometer o custo de indústrias que precisam descarbonizar os seus processos industriais e estão descarbonizando. Mas sabemos que tem um custo efetivo muito maior para fazer essa descarbonização”, defendeu. 

Reflorestamento e captura de carbono

O secretário ainda destacou que é possível transformar o setor que hoje é o maior emissor em um setor com emissões líquidas negativas, por meio do reflorestamento e consequente captura de carbono. 

“Temos a condição de transformar o setor que é o maior responsável por emissões no setor que seja o maior responsável pela remoção de emissões através da eliminação do desmatamento ilegal, da redução do desmatamento ilegal e de grandes programas de reflorestamento e de restauração florestal”, conclui Rollemberg. 

Há duas semanas, o presidente Lula confirmou que a nova NDC brasileira estará alinhada ao objetivo global de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até 2100. Por enquanto, a NDC brasileira mais recente leva a um aquecimento superior a 2°C, segundo análise do Climate Action Tracker

Ao listar como o Brasil, sob sua gestão, está atuando para enfrentar a crise climática, Lula citou a queda de 50% no desmatamento da Amazônia no último ano e a promessa de erradicá-lo até 2030.