Exploração e produção

Petrobras adia produção em Sergipe para depois de 2028 e prevê nova licitação este ano

Companhia avalia novo modelo para contratação de unidades de produção de Sergipe-Alagoas

A Petrobras não vai mais conseguir iniciar a produção em águas profundas na Bacia de Sergipe-Alagoas em 2028, conforme previsto. A diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da companhia, Renata Baruzzi, afirmou que a estatal espera retornar ao mercado até o final do ano para licitar novamente as duas plataformas que vão produzir na região. 

“Para 2028 a gente não vai conseguir. Mas quando vai ser, se vai ser em 2029, a gente tem que esperar o resultado da licitação”, disse na segunda-feira (07/10) em entrevista à Offshore Week, evento promovido pela agência eixos. Veja a íntegra da entrevista acima. 

Há três anos, a estatal enfrenta dificuldades na contratação das plataformas para o empreendimento, que prevê dois FPSOs e um gasoduto.

“Mas pode ter certeza de que a gente tem o maior interesse de que seja o mais rápido possível”, acrescentou a executiva. 

A diretoria da Petrobras está aguardando as conclusões do grupo de trabalho que discute melhorias nas condições de contratação para definir o modelo da nova licitação. 

Há possibilidade de que a estatal continue a buscar contratar as plataformas por meio do afretamento ou inicie a contratação de unidades próprias. Existe também a possibilidade de partir para o modelo build-operate-transfer (BTO), no qual a empresa contratada fica responsável pela construção, entrega e instalação da unidade, que depois é transferida para a operadora.

O grupo de trabalho avalia todo o portfólio de projetos em contratação. O resultado será apresentado à diretoria nas próximas semanas para a definição da nova estratégia de contratação.  

“O que aconteceu recentemente é que a gente estava com muitos projetos na rua. A gente ia acabar não conseguindo contratar essas unidades”, disse Baruzzi. 

Além disso, a companhia também está trabalhando em melhorias nas condições dos contratos. Depois da baixa adesão das empresas nos últimos processos de contratação lançados ao mercado, a empresa iniciou uma série de conversas para entender o que estava acontecendo e tornar o processo mais competitivo e atrativo. 

“A gente recebeu uma série de comentários do mercado em relação ao documento contratual propriamente dito, ao fluxo de caixa, que estava muito neutro. A gente está ajustando várias questões que o mercado se queixou para que eles viessem participar”, disse. 

Nesse contexto, a executiva lembrou que a companhia antecipou o início da produção do FPSO Maria Quitéria, no campo de Jubarte, que integra o projeto integrado do Parque das Baleias, na Bacia de Campos.

Segundo ela, a antecipação foi resultado de um esforço conjunto para buscar oportunidades de redução de prazos, que envolve outras empresas, além do Ibama e da ANP. 

“Tudo o que a gente puder fazer para antecipar a entrega dos projetos, a gente vai fazer”, disse. 

Preços de referência ameaçam projetos. 

Segundo a diretora, os projetos de revitalização da Bacia de Campos podem deixar de ser viáveis caso a ANP equipare os preços de referência dos campos do pós-sal aos do pré-sal no cálculo de royalties.

“Se isso realmente vier a acontecer, esses nossos projetos não vão parar de pé”, disse. 

A Petrobras tem iniciativas de revitalização nos campos maduros de Marlim Leste e Marlim Sul, Barracuda e Caratinga e Albacora, na Bacia de Campos, além de Tupi, na Bacia de Santos.

No momento, a estatal também está analisando a proposta que recebeu para a contratação do FPSO que vai produzir nos campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de Campos.

“O que vai acontecer se os projetos não pararem de pé é que todo o norte fluminense vai ter um colapso”, disse. 

A diretora afirmou que as preocupações já foram levadas à ANP.