RIO — A norueguesa Yara inaugurou na semana passada um novo terminal de importação de amônia de baixo carbono em Brunsbüttel, na Alemanha. Localizada no Mar do Norte e no Canal de Kiel, a região é um ponto estratégico para o país para implantação de um hub de hidrogênio.
O terminal tem capacidade de importar até três milhões de toneladas de amônia para a Europa anualmente, o que corresponde a 530 mil toneladas de hidrogênio ou cerca de 5% da meta de hidrogênio da Europa para 2030.
O projeto faz parte da estratégia da Yara de fortalecer seu principal negócio de nitrogênio e, ao mesmo tempo, participar da indústria do hidrogênio de baixo carbono.
Além do uso tradicional, como fertilizantes, a amônia também tem novas aplicações, como combustível marítimo, e como transportadora de hidrogênio, que pode ser utilizado como matéria-prima na indústria, combustível ou para geração de eletricidade.
“Como o maior transportador e distribuidor mundial de amônia, a Yara Clean Ammonia está em uma posição de destaque para garantir o fornecimento de amônia de baixa emissão para a Alemanha, a preços competitivos”, disse Hans Olav Raen, CEO da Yara Clean Ammonia.
Hoje a empresa opera a maior rede global de amônia, com 13 navios, acesso a 18 terminais e vários locais de produção e consumo ao redor do mundo, incluindo Brunsbüttel na Alemanha.
As estimativas do governo alemão apontam para uma demanda nacional de hidrogênio e seus derivados entre 95 e 130 TWh até 2030, sendo que aproximadamente 50 a 70% (45 a 90 TWh) deverão ser importados.
O país pretende cobrir grande parte de suas necessidades por meio de importações via gasoduto ou navio, com foco geográfico nas regiões do Mar do Norte – de olho no hidrogênio azul vindo da Noruega –, Mar Báltico e Mediterrâneo, e centros de produção na Península Ibérica e Norte da África – com maior potencial para o hidrogênio verde.
Novos negócios de baixo carbono
A parceria energética entre a Alemanha e a Noruega desempenha um papel fundamental, segundo a Yara. Em junho, a companhia inaugurou oficialmente sua planta piloto de hidrogênio verde na Noruega — a maior do tipo na Europa.
A empresa também trabalha para produzir amônia de baixo carbono com captura e armazenamento de carbono (CCS). Em 2023, ela assinou um acordo vinculativo de transporte e armazenamento de CO2 com a Northern Lights, o primeiro acordo CCS transfronteiriço do mundo em operação.
Além disso, o grupo avalia dois projetos de produção de amônia de baixo carbono em escala mundial com CCS nos EUA.
Atuação no Brasil
No Brasil, a empresa norueguesa tem cinco fábricas de produção e 24 unidades misturadoras de fertilizantes.
A companhia possui uma parceria com a Raízen para a aquisição diária de 20 mil m3 de biometano para produção de amônia verde no complexo de Cubatão (SP). O grupo também tem uma unidade de produção no Porto de Rio Grande (RS), onde o governo estadual quer desenvolver um hub de hidrogênio.
Além disso, no início do ano, a Yara Brasil assinou com a Petrobras, um memorando de entendimentos visando estudos de potenciais parcerias de negócios para iniciativas locais no segmento de fertilizantes, produção de produtos industriais e descarbonização da produção.