Offshore Week

Shell espera decisão sobre Gato do Mato em 2025 e reforça interesse em exploração no Brasil

ANP, por sua vez, reitera compromisso com volta dos leilões de blocos exploratórios

RIO – A Shell espera tomar uma decisão final de investimento no desenvolvimento do projeto de Gato do Mato, no pré-sal da Bacia de Santos, no início de 2025, disse nesta segunda (7/10) o presidente da companhia no Brasil, Cristiano Pinto da Costa, durante a Offshore Week 2024, promovida pela agência eixos. (Veja na íntegra acima)

A empresa é, hoje, a principal produtora privada de petróleo do país, com volumes superiores a 400 mil barris/dia.

A Modec é responsável pelo Front-End Engineering Design (FEED) para a plataforma de Gato do Mato. A Shell, como operadora, chegou a negociar a contratação da unidade de produção com um consórcio formado entre BW Offshore e Saipem, mas anunciou em 2022 que estava reavaliando o projeto.

Naquele momento, a Shell entendia que aumentos significativos de custos aliados a uma contínua incerteza afetavam o andamento do projeto. A parada foi para reavaliar o escopo, desenvolvimento e estratégia de contratação para o campo.

O projeto original para a descoberta de Gato do Mato prevê uma unidade de produção, com capacidade de 90 mil barris por dia de petróleo e 8,5 milhões de m3/dia de gás natural.

Shell mantém interesse em novos ativos no Brasil

Pinto da Costa também reafirmou o interesse da empresa em novos leilões de exploração do Brasil. E defendeu que o país precisa atrair novos investimentos em perfuração de poços, para recuperar as reservas nacionais.

“Há dez anos atrás, no começo de 2010, 2011, 2012, a gente [Brasil] furava entre 120 e 150 poços exploratórios por ano. Este ano, o número vai ficar na casa de seis poços de exploração”

“Se o Brasil não descobrir novas reservas, no começo da década [de 2030], a gente vai entrar em um declínio com consequências que talvez sejam um pouco entendidas hoje para quem está um pouco fora do setor. Então, há uma necessidade de abrir novas fronteiras e continuar ou revigorar a exploração de óleo e gás”, disse.

Em 2023, a companhia fez uma investida na aquisição de áreas na Bacia de Pelotas, na Oferta Permanente (OP). A petroleira aguarda, contudo, o novo calendário de licitações. 

Este ano, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) interrompeu a OP para reavaliar os ativos do portfólio.

Saboia reforça compromisso com leilões

A agência pretende retomar os leilões em 2025, mas há uma corrida contra o prazo de vencimento das manifestações conjuntas dos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e Minas e Energia (MME).

Também presente no painel de abertura da Offshore Week, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, reforçou o compromisso com o retorno dos leilões. A expectativa dele é que o novo edital, atualizado, esteja disponível na virada do ano.

Não é de forma nenhuma o propósito de interromper leilões. Pelo contrário, a orientação que a agência tem, e nada foi feito diferente disso a partir do CNPE, é manter a regularidade desses leilões”, afirmou.

Saboia explica que a decisão de rever o atual portfólio se deu em 2023, quando a agência iniciou a adequação do edital aos novos critérios de conteúdo local, conforme diretriz do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)

“Aproveitamos a ocasião para fazermos uma releitura desses blocos como um todo, revermos, também aproveitamos para rever critérios de desenho dos blocos, para definição deles, para torná-los mais atrativos. E acrescentar também, contando com a colaboração do MME junto ao MMA, para que uma manifestação conjunta seja apresentada em breve também, para que possamos colocar mais itens nessa prateleira”.