Armazenamento de CO2

Brasil adere a iniciativa internacional de captura de CO2

Iniciativa integra 15 países que lideram esforços globais para acelerar a implementação da tecnologia de CCUS no mundo

Da esquerda para a direita: assessor especial do MME, João Daniel; secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes; e ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Da esquerda para a direita: assessor especial do MME, João Daniel; secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes; e ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. | Tauan Alencar/MME

BRASÍLIA e FOZ DO IGUAÇU — O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou a adesão do Brasil à iniciativa de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), promovida pela Clean Energy Ministerial (CEM). O anúncio ocorreu nesta quinta (3/10), em Foz do Iguaçu (PR), que recebe os debates do G20 sobre transição energética.

A iniciativa integra 15 países que lideram esforços globais para acelerar o desenvolvimento e a implementação da tecnologia de CCUS no mundo.

Criada em 2018, ela busca, em fóruns globais, atrair governos, indústria e financiadores para investimentos em CCUS.

Estimativas da Wood Mackenzie indicam que, até 2034, haverá uma capacidade instalada para capturar 440 milhões de toneladas ano (Mtpa), quase 10 vezes a capacidade atual, mas abaixo do que se espera de demanda (546 Mtpa).

Na visão do MME, a participação brasileira na iniciativa possibilita parcerias estratégicas no setor de petróleo, uma das principais indústrias em que a captura de CO2 é aplicada.

A atividade de CCS foi regulamentada pelo programa Combustível do Futuro, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado e aguarda a sanção do presidente Lula.

Colaboração internacional

Nathália Weber, co-fundadora e diretora da CCS Brasil, explica que a adesão à iniciativa é uma maneira de o Brasil estreitar a colaboração internacional para viabilizar projetos de armazenamento de carbono tanto aqui, quanto lá fora.

“Essa é uma novidade importante. O Brasil tem um potencial significativo para o desenvolvimento de tecnologia de CCS e, agora, entrando neste ambiente colaborativo, tende a ter um desempenho ainda mais expressivo, não só para dentro do país, como também para os demais. Nós temos muito a contribuir com o mundo”, comenta.

À agência eixos, ela afirma que os projetos de CCS que vêm sendo desenhados no Brasil para a indústria de etanol são uma experiência importante a ser compartilhada com o restante do mundo.

“São emissões negativas fundamentais que a gente pode também ajudar no desenvolvimento internacional”.

Em termos práticos, Weber explica que essa adesão ao CEM CCUS permite colaborações em diferentes áreas: regulatória, financeira e tecnológica.

“Estamos a poucos dias de ter um marco regulatório para CCS, finalmente, um passo importantíssimo para que possamos avançar com projetos, mas a regulação não se encerra nesse marco. Ainda tem um caminho de regulação a ser desenvolvido e contar com a experiência internacional é muito importante”.

Outro aspecto relevante da colaboração é o licenciamento ambiental, avalia a diretora da CCS Brasil.

“Temos diversas experiências no mundo, experiências melhores e piores. Podemos contar com essas lições aprendidas para acelerar nosso desenvolvimento de um processo que garanta segurança e o sucesso do desenvolvimento de um projeto de CCS no Brasil”, completa.