Risco climático

Combate a riscos climáticos pode render US$ 165 bi às grandes empresas

Empresas que cortaram suas emissões de Escopo 3 economizaram US$ 13,6 bilhões em todo o mundo, sendo US$ 298,18 milhões na América Latina

Na imagem: Vista aérea de emissões poluentes sendo lançadas na atmosfera em complexo industrial, em uma grande cidade (Foto: Marcin Jozwiak/Pixabay)
Mais de 10 mil empresas, organizações ou governos subnacionais aderiram à campanha Race to Zero da ONU, para zerar emissões até 2050 (Foto: Marcin Jozwiak/Pixabay)

FOZ DO IGUAÇU (PR) – Análise da plataforma de divulgação ambiental CDP revela que há um potencial inexplorado de US$ 165 bilhões em receitas para o setor privado no combate a riscos climáticos da cadeia de suprimentos.

Segundo o relatório, empresas que cortaram suas emissões de Escopo 3 economizaram US$ 13,6 bilhões em todo o mundo, sendo US$ 298,18 milhões na América Latina.

Os analistas apontam que a colaboração entre compradores e fornecedores possibilitou a redução de 43 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo – equivalente às emissões anuais da Suécia. Desse total, mais de 367 mil toneladas de GEE referem-se à América Latina.

Investir na redução dos riscos climáticos upstream também pode proporcionar ganhos financeiros substanciais para as empresas em todo o mundo.

No geral, o CDP estima que seria necessário investir US$ 94 bilhões para concretizar essas oportunidades, ou seja, pouco mais da metade do volume de receitas projetadas.

Riscos também são bilionários

Mais de 5,5 mil fornecedores em todo o mundo estão colaborando com compradores por meio do CDP Supply Chain, com o potencial de reduzir mais de 193 milhões de toneladas de emissões, sendo 8,8 milhões de toneladas na América Latina.

A análise do CDP, feita a partir de dados divulgados por mais de 23 mil empresas que valem dois terços da capitalização de mercado global, indica que os riscos climáticos podem gerar perdas de até US$ 162 bilhões, sendo US$ 3,31 bilhões na América Latina.

Em média, as emissões da cadeia de suprimentos corporativa são 26 vezes maiores do que as emissões operacionais diretas.

“No entanto, apesar dos benefícios para os negócios de um maior envolvimento de fornecedores na gestão das emissões, a maioria das empresas não está conseguindo capitalizar essas oportunidades e corre o risco de ser exposta a custos ocultos e futuras pressões regulatórias”, aponta o documento.

Para muitas empresas, as emissões da cadeia de suprimentos continuam sendo um ponto cego. Menos de uma em cada 10 (8%) está direcionando suas cadeias de suprimentos com iniciativas de redução de emissões, omitindo a grande maioria da pegada de carbono de uma empresa.

“Nossos dados contam uma história muito clara: eficiência, competitividade e ação climática ambiciosa andam de mãos dadas. Sim, a mudança climática apresenta um risco inegável para as empresas e as cadeias de suprimentos globais, mas também oferece uma oportunidade significativa para aqueles dispostos a agir”, comenta Simon Fischweicher, diretor de Cadeia de Suprimentos e Reporter Services do CDP.

Ele explica que companhias que abordam as emissões da cadeia de suprimentos são mais resilientes e aumentam a atratividade para clientes e investidores, melhorando seu posicionamento competitivo no mercado.

“Simplificando, medir e gerenciar as emissões de suprimentos faz sentido para os negócios. Aqueles que não agirem serão deixados para trás”, completa.