Biocombustíveis

G20 tem dificuldade para chegar a consenso sobre descarbonização dos transportes, diz Silveira

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participa esta semana das reuniões ministeriais do GT de Transições Energéticas do G20

Ministro Alexandre Silveira diz que é difícil chegar a um consenso sobre descarbonização de transportes no grupo de trabalho de transição energética do G20
Ministro Alexandre Silveira diz que é difícil chegar a um consenso sobre descarbonização de transportes no grupo de trabalho de transição energética do G20 | Ricardo Botelho/MME

FOZ DO IGUAÇU (PR) — A descarbonização do setor de transportes é um dos temas mais difíceis de construir consensos na agenda de transição energética do G20, disse nesta quarta (2/10) o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).

Silveira chegou a Foz do Iguaçu para as reuniões ministeriais do GT de Transições Energéticas do G20. A conclusão dos trabalhos deve ocorrer na sexta (4) com uma Declaração de Ministros que será encaminhada à Cúpula de Líderes em novembro, marcando o fim da presidência rotativa do Brasil.

Como presidente do fórum este ano, o país elegeu a agenda dos biocombustíveis entre suas prioridades. A intenção é romper barreiras para exportação de produtos de origem agrícola, mas a agenda não está avançando.

Segundo o ministro, há um vetor econômico por trás.

“Não podemos ser inocentes e achar que a transição energética tem apenas um vetor da sustentabilidade. Ela tem um vetor econômico. E nos biocombustíveis é a mesma coisa. É uma disputa de matriz energética global, de economia, para onde o mundo vai”, disse à agência eixos.

O ministro voltou a defender que é preciso considerar todas as possibilidades de combustíveis de baixo carbono, e que os biocombustíveis são uma política mundial, lembrando da formação da Aliança Global pelos Biocombustíveis (GBA, em inglês), no final do ano passado, no encerramento do G20 da Índia.

Posição que será mantida nos diálogos desta semana.

“Acredito que o nosso diálogo ministerial, mais a habilidade do Itamaraty, que conduz a discussão técnica que precede a reunião ministerial, vai buscar consenso na pluralidade das matrizes para descarbonização”, afirmou Silveira.

E disse que está certo de que será possível vencer a resistência europeia aos biocombustíveis de origem agrícola.

“Eu tenho absoluta convicção que isso vai acontecer. Porque os mecanismos de amadurecimento das tecnologias estão chegando a um ponto tal, que não só o etanol de segunda geração recebe prêmios e já tem as portas abertas na União Europeia, como o etanol de primeira geração e captura de carbono vai se tornar um produto altamente atrativo no mundo”.

Combustível do Futuro criará uma nova economia

Com sanção marcada para a próxima terça (8) o programa Combustível do Futuro, que cria mandatos para diesel verde, combustível sustentável de aviação (SAF) e biometano, deve inaugurar uma nova fase para a economia do Brasil, acredita Silveira.

“Os biocombustíveis são para o Brasil o que o petróleo é para a Arábia Saudita”, disse o ministro.