RIO – A Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo (Abespetro) foi procurada por representantes da indústria de petróleo e gás do Suriname e da Namíbia e pela estatal YPF, da Argentina, em busca de colaboração da indústria fornecedora do setor, segundo o presidente da associação, Telmo Ghiorzi.
Em entrevista ao estúdio eixos na quinta (26/9), Ghiorzi disse que o Brasil tem condições para se tornar fornecedor de bens e serviços de alto valor agregado.
Na visão dele, a política industrial brasileira precisa ser mais orientada para exportações, e não apenas para a substituição de importações que até então nortearam as políticas públicas para o setor no país.
“Hoje, há empresas na Abespetro que exportam árvores de natal submarinas para ninguém menos do que a Noruega, país de referência, porque desenvolveram competências, pesquisa, inovação, tecnologia e engenharia para a fabricação de cadeias produtivas longas e complexas”, pontuou à eixos.
Ghiorzi afirmou que o Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Nova Indústria Brasil (NIB) não cobrem a cadeia produtiva do petróleo. Por isso, defende que é necessária uma política para o setor.
Ele também considera necessária uma mudança nas regras para pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI), pois a verba destinada a esta finalidade está indo para a academia ou petroleiras, e pouco para a cadeia produtiva.
“Está em vigor a ideia de que a inovação é uma coisa que ocorre na universidade e vai chegando no mercado, quando sabemos que é exatamente o contrário. A inovação vem antes da ciência. A regra que a gente quer mudar é parar com essa distinção entre universidade, empresa pequena e grande média”, explicou.
Questionado sobre como ocorreria a abertura ao mercado das inovações feitas por institutos privados, Ghiorzi defende que sejam aplicadas regras de proteção válidas para patentes e segredos industriais.
Ghiorzi também se disse preocupado com a falta de leilões de petróleo em 2024 e relembrou o período entre 2008 e 2013, quando também não foram realizados leilões.
“A própria Margem Equatorial, se não for licenciada, em 2036 voltaremos a importar petróleo. É inacreditável que a gente esteja sob essa ameaça de novo. Caso seja licenciada, teremos 10 anos de alegria, muito investimento”, comentou em relação à demora na emissão da licença para que Petrobras perfure na região.