Crise hídrica

Chuvas voltarão em outubro, com alívio para o setor elétrico, estima Nottus

Início da primavera tem possibilidade de bom volume de chuvas, alavancando produção de energia

Consumo de energia elétrica aumenta em 6% com onda de calor que atravessa o Brasil. Na imagem: Termômetro, no centro do Rio de Janeiro, chega a marcar 40°C em meio a forte onda de calor, em 24/8/23 (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Cientistas alertam para aumento na frequência, intensidade e duração de eventos extremos climáticos, como calor, seca e inundações (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

BRASÍLIA – O fim do inverno tende a ser favorável para o setor elétrico, por conta da probabilidade de bons níveis de chuva, além de ventos em regiões geradoras de energia, segundo projeções da consultoria meteorológica Nottus.

O inverno terá fim no domingo (22/9), com a chegada da primavera. A nova estação deverá trazer um aumento gradual na umidade nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e com retorno das chuvas no Sul do país.

“Com base em cálculos matemáticos e probabilísticos de vários centros meteorológicos do mundo, inclusive da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a expectativa é de que elas comecem a aparecer na primeira quinzena e se intensificar durante os últimos 15 dias de outubro”, avalia Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus.

O Brasil enfrenta mais uma estiagem histórica este ano, combinada com uma temporada de queimadas em diversas regiões do país e baixas nos reservatórios.

O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou nesta quinta (19/9), contudo, que não há paralelos com a crise de 2021. Foram tomadas novas medidas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), incluindo a antecipação de entrada da térmica Termopernambuco.

Em novembro, é esperada a formação de um corredor de umidade nas regiões Norte e Sudeste, com possibilidade de melhoria nas condições dos reservatórios de usinas hidrelétricas.

A região Nordeste deve ter níveis intensos de vento para impulsionar a geração eólica. A tendência é que nos meses de setembro e outubro haja condições favoráveis para as usinas solares, mas o início das chuvas altera as condições.

“O sistema de alta pressão que provoca ventos fortes na costa nordestina e o predomínio de sol no interior do Brasil será deslocado para longe, dando lugar às nuvens carregadas que bloqueiam o sol e reduzindo os ventos na costa”, afirma Nascimento.

Sem risco de apagão

O CMSE recomendou também a volta do horário de verão, fruto de um relatório solicitado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao ONS, em meio a uma previsão de cenário climático desafiador para as regiões Sudeste, Sul, Norte e Centro-Oeste nos próximos dias.

Apesar do cenário hídrico desfavorável, confirmado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o ministro Alexandre Silveira assegurou que não há risco de falta de energia, com 55% dos reservatórios garantidos.

“Não estamos vivendo o cenário de 2021. Mesmo com o pior cenário de chuvas, nada nos leva a crer que teremos risco energético neste verão”, afirmou o ministro.

Entre as alternativas à adoção do horário de verão discutidas estão a antecipação de linhas de transmissão e a operação ampliada da usina de Belo Monte em horários críticos. 

Além disso, há expectativas de que a Termopernambuco entre em operação já em outubro de 2024, o que reforçaria o sistema.

O planejamento energético para 2025 e 2026 também foi colocado como prioridade, com o governo preparando leilões para novas térmicas e leilões de capacidade, com o objetivo de garantir a segurança energética a médio prazo.