RIO – Após nove meses de debates, os países-membros do G20 chegaram a um consenso inédito ao estabelecer os “Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia”.
O documento (.pdf) foi acordado durante uma reunião de técnicos no Rio de Janeiro, nesta quarta (11/9), dentro da Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia (GIB, na sigla em inglês), e marca a primeira vez que a bioeconomia ganha destaque em um acordo multilateral dedicado ao tema.
“Trata-se de uma conquista histórica para o Brasil e para o G20”, disse o Itamaraty em nota.
A GIB foi criada pelo Brasil, que está na presidência rotativa do G20 este ano. O país busca uma taxonomia global da bioeconomia, o que poderia destravar investimentos na exploração sustentável da biodiversidade.
Outro esforço brasileiro dentro da reunião de líderes mundiais é a criação de padrões de sustentabilidade que reconheçam o valor da biomassa e dos biocombustíveis. O país vai defender a contabilidade de emissão de carbono considerando todo o ciclo de vida dos combustíveis, do berço ao túmulo.
Nas duas frentes, o país espera maior inserção dos biocombustíveis brasileiros na descarbonização global do transporte marítimo e aéreo.
Segundo a nota divulgada ontem após a reunião, os 10 princípios acordados são voluntários e não vinculativos, servindo como referência para futuras discussões e ações sobre bioeconomia.
Eles incluem compromissos com a equidade, inclusão social e promoção de igualdade de gênero, além da adaptação e mitigação das mudanças climáticas de acordo com os compromissos internacionais, como o Acordo de Paris.
Os princípios também abordam a necessidade de promover padrões sustentáveis de produção e consumo, conservar a biodiversidade e garantir a repartição justa dos benefícios derivados da utilização de recursos genéticos e conhecimentos tradicionais.
Além disso, promovem a utilização eficiente dos recursos biológicos e incentivam a criação de modelos de negócios sustentáveis e a geração de empregos dignos.
Os trabalhos da Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia são liderados pelo Ministério das Relações Exteriores em colaboração com diversas pastas do governo brasileiro, incluindo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Ministério da Fazenda.
“Não temos uma linguagem unificada para todos os países e a nossa proposta é que a ideia de bioeconomia parta da biodiversidade, fazendo uma sinergia com enfrentamento à mudança do clima e a busca por um modelo sustentável de desenvolvimento”, explicou na quarta (11/9) a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva (Rede).