BRASÍLIA – A abertura do mercado livre de energia aos consumidores de baixa tensão vai beneficiar todo esse ambiente de contratação, na visão da co-fundadora da comercializadora Stima Energia, Daniela Alcaro.
A executiva acredita que o aumento no volume de energia transacionado no ambiente livre vai ser positivo não apenas para as comercializadoras que ganharem mais clientes com a abertura, mas também para aquelas que atendem a outros nichos.
“Todo mundo que está no mercado livre vai se beneficiar, independente se é diretamente, indo atrás dos clientes, ou se é fazendo parte dessa negociação de uma forma indireta”, diz.
No mercado livre de energia o consumidor pode contratar com uma comercializadora ou com a própria geradora a compra da energia. A partir de janeiro de 2024, essa opção ficou disponível a todos os clientes da rede de alta e média tensão.
O governo está trabalhando nas regras para a abertura aos clientes de baixa tensão, incluindo residências, por exemplo.
Cronograma de abertura deve ser definido logo
A executiva reconhece que ainda existem questões que precisam ser resolvidas antes da liberalização total desse mercado, mas ressalta que é importante que a definição das datas ocorra logo.
“A gente tem visto discussões maduras em relação à abertura de mercado”, afirma.
Fundada em 2017, a Stima Energia é voltada para a comercialização de contratos para grandes consumidores.
“A gente negocia muito com outros comercializadores, geradores, autoprodutores, ou grandes consumidores que têm mesas ativas de energia, como Alcoa e CSN”, diz.
Desde 2022, a Mitsui é sócia no projeto, com 36% de participação. Os demais 64% ainda pertencem aos executivos fundadores: Rodrigo Violaro, Érico Mello e a própria Daniela Alcaro.
Companhia escolheu não ser varejista
A companhia optou por não entrar no mercado varejista, mesmo com a ampliação das regras para clientes de média e baixa tensão no começo deste ano.
Ainda assim, Alcaro aponta que a empresa já sente os impactos da entrada desses novos clientes no mercado.
“A gente se beneficia indiretamente com a maior demanda, com o maior volume de negociação”, diz.
Alcaro é também conselheira da Associação Brasileira dos Consumidores de Energia (Abraceel).
Ela ressalta que vai ser importante que o processo de abertura aos clientes de baixa tensão ocorra sem prejuízos para os consumidores que optarem por seguir no mercado regulado.
Em outros países, cerca de 30% migraram para o mercado livre
Em outros países que já passaram por esse processo, cerca de 30% dos consumidores, em média, escolheram não migrar para o mercado livre.
“É muito importante que a abertura ocorra sem prejudicar quem fica no cativo”, diz.
“Você não pode penalizar quem fica, porque em nenhum mercado ocorreu uma migração de 100%”, acrescenta.
Na visão da executiva, é importante, por exemplo, que os encargos setoriais que hoje são pagos apenas pelos consumidores do mercado cativo sejam compartilhados pelos demais consumidores.
“Esse é o principal cuidado que o governo tem que ter: promover uma migração justa”, diz.