Custo da energia elétrica

Eólicas offshore podem ser mais baratas que incineração de lixo, aponta EPE

Pesquisa da EPE analisou custo de implantação de fontes de energia, que serão levados em conta para elaboração do plano de expansão

Corio Generation e Estaleiros do Brasil (EBR) fecham acordo para usinas eólicas offshore no Rio Grande do Sul (RS). Na imagem: Parque eólico offshore (Foto: Enrique/ELG21/Pixabay)
Parque eólico offshore (Foto: Enrique/ELG21/Pixabay)

As usinas eólicas offshore podem ter custos até 45% mais baixos que projetos de geração de energia a partir da incineração de lixo, mas são até três vezes mais caras que as eólicas terrestres, apontou o caderno Parâmetros de Custos de Geração e Transmissão elaborado pelo Ministério de Minas e Energia e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O documento será incluído no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034).

A pesquisa analisou o investimento de longo prazo necessário para cada tipo de empreendimento analisado na elaboração do PDE. Desde o último estudo publicado, houve diferenças entre os valores, por conta da subida de preços das commodities e dos efeitos da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

De acordo com o caderno, o investimento necessário para instalar um projeto eólico offshore no Brasil vai variar entre R$ 10,5 mil e R$ 25 mil por quilowatt (kW), acima da faixa de R$ 4 mil a R$ 7 mil para projetos similares em terra. O tempo médio de desembolso para desenvolver os projetos marítimos deve ser de 36 meses, ante 24 meses das usinas terrestres.

O Brasil ainda não tem projetos eólicos offshore em desenvolvimento. As regras para a implantação desses empreendimentos estão em discussão no Congresso Nacional.

Já as usinas de incineração de resíduos sólidos têm custo estimado entre R$ 20 mil e R$ 36,5 mil por kW, com tempo médio de desembolso de 36 meses. A pesquisa da EPE aponta que essas usinas também têm o valor de manutenção mais elevado entre as fontes analisadas: R$ 1,1 mil anuais por kW.

A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) estima que o Brasil pode gerar até 3,3 gigawatts (GW) de potência em usinas nas grandes metrópoles.

Já as usinas de biomassa movidas a partir do bagaço de cana têm custos de implantação na casa dos R$ 2 mil a R$ 6,5 mil. Quando a fonte é o cavaco de madeira – um tipo de resíduo do corte de árvores – os custos ficam entre R$ 3,5 mil e R$ 8,5 mil.

Embora ainda não se saiba ao certo quando serão implantadas no Brasil, as baterias de armazenamento de energia elétrica têm um custo de referência estimado pela EPE de R$ 6 mil a cada kW, com os investimentos variando de R$ 5 mil a R$ 9,5 mil, em um período de um ano. Existe a expectativa de que haverá um leilão específico para a contratação dessa modalidade em 2025.

Tidas como opções para garantir flexibilidade ao sistema elétrico, as usinas hidrelétricas reversíveis têm um custo de R$ 6 mil a R$ 15 mil por kW.

Os custos mais baixos estão nas usinas fotovoltaicas, que demandam investimentos de de R$ 3 mil a R$ 6 mil por kW. O custo de manutenção também é o mais baixo, já que é necessário desembolsar R$ 60 a cada kW. O tempo médio do desembolso é de 12 meses.

Outra aposta do segmento são as usinas solares flutuantes, que têm custos estimados entre R$ 4 mil e R$ 8,5 mil por kW, com um tempo médio de investimento similar ao dos projetos terrestres.

A energia nuclear é a fonte com maior necessidade de investimentos. O valor fica entre R$ 20 mil e R$ 40 mil por kW. Também tem o maior tempo médio de desembolso, que chega a 60 meses. Ainda assim, tem custos de operação e manutenção mais baixos que projetos de incineração, na casa dos R$ 650 anuais.

A retomada da construção da usina nuclear de Angra 3 foi alvo de um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O levantamento mostrou que seriam necessários R$ 23 bilhões para concluir o projeto, enquanto o governo deveria desembolsar R$ 21 bilhões se optasse por abandonar a construção definitivamente.

Transmissão

A pesquisa também levantou os investimentos necessários para a transmissão de energia elétrica entre as regiões do Brasil.

Segundo a EPE, para interligar trechos entre Norte e Sudeste, Nordeste e Sudeste e Nordeste e Sul, serão necessárias linhas de transmissão em corrente contínua, com extensões de 1,5 mil km a 3 mil km. Nessas instalações, serão deslocados entre 3 GW e 5 GW.

A expansão da geração de renováveis no Nordeste, verificada nos últimos anos, e a necessidade de carga nas grandes cidades da região Sudeste, são levadas em consideração para os investimentos necessários na próxima década.

Para escoar a geração principalmente eólica e solar do Nordeste ao Sudeste, são estimados investimentos de R$ 3.040 a cada kilowatt, além de custos mensais de R$ 32,93 por kW.