Morreu, nesta segunda-feira (9/9), o ex-diretor da ANP Newton Monteiro, aos 86 anos. Funcionário de carreira da Petrobras por 38 anos, foi diretor da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP) entre 2002 e 2008.
Trabalhou em projetos de exploração e produção em Angola, Nigéria, Benin, Gana, Costa do Marfim, Líbia, Qatar, Iraque, Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Guatemala pela antiga BrasPetro, subsidiária da Petrobras.
Trabalhou também no desenvolvimento dos contratos de parceria e nos contratos de produção com cláusula de risco, além da venda de ativos marginais da Petrobras no começo da década do ano 2000.
O enterro ocorre nesta terça-feira (10/11), às 16h30, no Cemitério Carlinda Berlim, em Teresópolis (RJ). O velório começa às 9h30.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, lembra que Monteiro foi “essencial” no desenvolvimento dos novos profissionais na área de engenharia de reservatórios na década de 1980.
“Newton Monteiro introduziu a simulação de reservatórios na Petrobras. Homem estudioso e de inteligência privilegiada, foi essencial no desenvolvimento dos novos profissionais na área da engenharia de reservatórios na década de 1980, dentre eles eu. Na abertura do setor, contribuiu com sua experiência no exterior para a introdução da pequena e média empresa petrolífera no Brasil, trabalho que começou na Petrobras e o levou para a ANP”, comentou a presidente da Petrobras.
Monteiro foi grande incentivador da criação da indústria independente de petróleo e gás no Brasil.
Foi responsável pela criação do Projeto Campo Escola, que teve unidades nas bacias Potiguar e do Recôncavo, parcerias da agência com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Bahia (UFBA), respectivamente.
O projeto tinha como objetivo principal a reativação de campos de petróleo e gás, visando a criação de empresas de pequeno e médio porte, além da treinamento de mão de obra local para operação dos projetos.
Magda lembra ainda que Monteiro foi responsável pelo primeiro contrato de produção com cláusula de risco do país, o que possibilitou a criação da PetroReconcavo.
“Foi dele a confecção do primeiro contrato de produção com cláusula de risco que introduziu a PetroReconcavo como operadora independente na Bahia. Tive a honra de acompanha-lo nessa missão, que foi, para mim, de um enorme engrandecimento profissional. Que todos nós nos inspiramos nesse exemplo de dedicação, ética e empatia pelos colegas da indústria, mormente pelos novos entrantes que demandam atenção para seus desenvolvimentos profissionais”, concluiu.
O ex-diretor da ANP John Forman destacou o trabalho de Monteiro à frente da agência para desenvolver as pequenas empresas brasileiras e campos maduros.
“Era uma pessoa calma , espirituosa mas, com fortes convicções, como a de promover as pequenas empresas e defender a formação de empresas brasileira, para aproveitar e desenvolver campos maduros de petróleo. Na ANP trabalhou para levar a leilão, campos que mesmo já tendo sido devolvidos por não serem mais econômicos, como também campos abandonados e até mesmo alguns que haviam sido considerados como inviáveis, criando um mercado para empresas brasileiras de menor porte”, disse Forman.
“Deixou um legado de competência e objetividade de propósitos e as pequenas e médias empresas a ele muito devem. Que descanse em Paz, com a certeza de ter cumprido missões importantes para o País.”
Nelson Narciso, ex-diretor da ANP, trabalhou diretamente com Monteiro e lembrou de sua generosidade.
“Tive o prazer e a felicidade de conviver bem de perto com o querido Newton durante o nosso tempo de diretores da ANP. O Newton, com sua sabedoria, perspicácia e extraordinária percepção fina dos sinais dos contextos, funcionou como um farol para o recém chegado colega de diretoria colegiada. A bondade e receptividade do Newton, associado ao seu profundo conhecimento, certamente constituíram elementos fundamentais para o grande respeito da indústria pelo seu órgão regulador”, disse Narciso.
Presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Márcio Félix ressaltou o trabalho de Monteiro em prol da indústria.
“Sou testemunha de sua dedicação para construir uma indústria de petróleo e gás mais diversa e competitiva, fazendo nascer as empresas independentes no Brasil. Vá em paz meu amigo, Newton Monteiro”, disse.