BRASÍLIA – A Petrobras e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) assinaram, nesta sexta (6/9), um termo de cooperação para desenvolver estudos técnicos em matérias-primas renováveis para a produção de biocombustíveis, química verde e fertilizantes.
A parceria envolve o desenvolvimento pela Petrobras de soluções tecnológicas e a implantação de unidades para produção de biocombustíveis e bioprodutos. O termo também inclui o desenvolvimento de culturas alternativas à soja, como macaúba, as de entressafra e consorciadas, como o milho safrinha e outros tipos de oleaginosas.
Caberá à Embrapa desenvolver um protocolo de culturas agrícolas de baixo carbono, envolvendo técnicas agrícolas racionais, como o protocolo de certificação desta cultura. As alternativas deverão refletir o leque de opções para agroenergia nos diferentes biomas e sistemas de produção no país.
“A diversificação e o acesso a matérias-primas com sustentabilidade, qualidade e custo adequados são fundamentais para o sucesso dessas iniciativas, como os biocombustíveis. Além disso, a companhia tem interesse em ofertar produtos fertilizantes para aumentar a disponibilidade no mercado nacional, bem como atender as metas do Plano Nacional de Fertilizantes. A Embrapa possui expertise necessária para ajudar a alavancar todas essas frentes”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, a parceria com a Petrobras é estratégica para potencializar as contribuições para os produtores rurais e políticas públicas em bioeconomia e desenvolvimento sustentável.
Ela lembrou que, em 2023, o Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOs) emitidos.
“Isso foi possível graças à Renovacalc, ferramenta desenvolvida pela Embrapa e fundamental na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio)”, disse.
Redução da dependência externa
O investimento em fertilizantes voltou a fazer parte do portfólio da Petrobras, conforme o Plano Estratégico (PE) 2024-2028. Em agosto, a companhia anunciou a retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), em Araucária (PR).
A unidade passou por um período de hibernação após fracasso na tentativa de venda, durante o governo Bolsonaro e permaneceu fechada desde então, em meio a um impasse trabalhista, finalizado em julho deste ano, após acordo no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A solução permitiu a recontratação e incluiu nos planos da empresa a retomada das atividades.
O Brasil, que depende de aproximadamente 85% da importação de fertilizantes, viu a dependência se aprofundar ainda mais com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes fornecedores do insumo.
Durante seu discurso de posse, Magda Chambriard reforçou que a petroleira retomaria os investimentos em fertilizantes, aumentando também a oferta de gás. Essas foram duas encomendas do presidente Lula.
“É importante dizer que nossa retomada do setor de fertilizantes tem uma razão cristalina: os fertilizantes são uma boa oportunidade para ampliar significativamente o nosso mercado de gás. O gás natural é nosso produto. É o insumo com maior impacto no preço dos fertilizantes”, disse Magda, em seu discurso de posse.