Conta de luz

Acionamento de térmicas deve elevar encargo na conta de luz para R$ 436 mi, estima Simple Energy

Desde dezembro de 2023 não eram observados valores tão altos para os encargos de energia

Aneel homologa resultado do Leilão de Energia Nova A-5 de setembro de 2021. Na imagem: Foto à contraluz de operador do setor elétrico ao telefone e, ao fundo, linhas de transmissão, com céu azul
Com os recursos do certame, serão viabilizadas obras de 40 usinas, com capacidade somada de 860,796 megawatts (MW), e início do suprimento está previsto para 1º de janeiro de 2026

Os custos do encargo de serviço do sistema (ESS) em agosto chegaram a R$ 436,5 milhões, estima um estudo da comercializadora Simple Energy. A cifra representa um salto de 683,49% ao mês de junho, por exemplo, quando o custo havia sido de R$ 55,7 milhões. 

A estimativa é que no mês de agosto o valor represente um gasto adicional de R$ 9,00 por megawatt-hora (MWh) .

A última vez que o ESS atingiu valores tão altos foi em dezembro de 2023. À época, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) despachou mais energia termelétrica por conta de ondas de calor que fizeram disparar o consumo de energia, principalmente no horário de ponta.

Agora, o ONS vem antecipando o acionamento de usinas termelétricas, inclusive a carvão, devido à menor disponibilidade de recursos hídricos para o atendimento à demanda de energia elétrica nos horários de pico de consumo.

O ESS é uma taxa aplicada na conta de luz para cobrir os custos associados à manutenção da confiabilidade e estabilidade do setor elétrico. 

A cobrança ocorre sempre que há um déficit financeiro entre os custos de geração e as receitas para cobrir essas despesas.

Para os consumidores do mercado regulado, como os clientes residenciais, esse custo adicional será incorporado no próximo reajuste tarifário da distribuidora. 

Já para os consumidores livres, que englobam grande parte da indústria brasileira, o impacto dessa cobrança começou a ser sentido a partir de julho deste ano.

O sócio e diretor da Simple Energy, Ricardo Matos, diz ser crucial que os consumidores livres considerem esse cenário e os encargos em seus planejamentos.

Como são feitos os cálculos

Os encargos do setor elétrico são aplicados de maneiras diversas aos consumidores, conforme o ambiente de mercado em que está inserido.

Para o consumidor regulado, a parcela está incorporada à tarifa, a qual é ajustada anualmente e conforme a bandeira tarifária vigente. Já no mercado livre, é feita por meio do ESS, do encargo de energia de reserva (EER) e liquidações financeiras da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O maior acionamento de termelétricas faz disparar os custos , uma vez que o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) é insuficiente para cobrir todos os custos de geração.

Os valores que os consumidores do mercado livre devem pagar são informados após o término do mês. Nesse momento, a CCEE calcula o custo dos encargos e distribui, de forma proporcional, entre os consumidores.

Setembro terá bandeira vermelha

Na quarta-feira (05/9), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterou o patamar da bandeira tarifária de setembro. A bandeira vermelha foi reduzida do patamar 2 para o patamar 1 após a correção de informações do ONS.

No aumento anteriormente informado, no patamar 2, a cobrança era de R$ 7,87 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Após a atualização, o custo extra passa a ser de R$ 4,46 para cada 100 kWh.