Uma das pioneiras no movimento de abertura do mercado brasileiro de gás natural, a Alvopetro se prepara para aumentar a sua produção no onshore na Bahia e já avalia uma possível expansão da infraestrutura de processamento.
A atual UPGN, construída e operada pela Enerflex desde 2020, foi a primeira unidade do tipo instalada pela iniciativa privada no Brasil. O ativo tem capacidade de 500 mil m3/dia.
Uma potencial ampliação da instalação acompanha as perspectivas de crescimento da produção da petroleira canadense na Bacia do Recôncavo.
A UPGN foi concebida para processar o gás do campo de Caburé, mas o plano da Alvopetro é que também passe a tratar o gás de Murucututu, o novo projeto de produção em desenvolvimento pela empresa na Bahia.
Com isso, a companhia espera atingir a capacidade máxima da unidade de processamento no curto prazo.
Testes de poços ajudarão a definir expansão
O CEO da Alvopetro, Corey Ruttan, conta que Murucutu ainda está produzindo uma pequena quantidade de gás, mas que a empresa espera aumentar os volumes nos próximos meses.
A empresa prevê iniciar este mês os testes de produção de dois poços existentes que passam por recompletação e, no médio prazo, espera perfurar novos poços de desenvolvimento na concessão. Os próximos meses, portanto, serão fundamentais para avaliação da estratégia de desenvolvimento do campo.
A UPGN atual tem capacidade para 500 mil m3/dia, mas a Alvopetro acredita que, com ajustes pontuais, é possível chegar a 600 mil m3/dia – e, com investimentos adicionais, aumentar de forma mais estrutural a capacidade do ativo.
“Uma expansão adicional [para além dos 600 mil m3/dia] dependeria em parte da especificação do gás, possuindo uma relação direta com os custos relacionados”, afirmou o executivo à agência eixos.
O tamanho da expansão dependerá, ao fim, dos resultados obtidos com as perfurações em Murucututu – que revelarão mais detalhes, por exemplo, sobre a composição do gás.
Alvopetro avalia destino para o gás
Hoje, toda a produção de gás da petroleira é vendida para a Bahiagás. O contrato prevê o fornecimento de 500 mil m3/dia, com entrega combinada de volumes firmes e flexíveis.
O diretor da Alvopetro no Brasil, Frederico Oliveira, afirma que, como a produção da companhia é conectada diretamente na rede de distribuição da concessionária, a preferência da petroleira é continuar vendendo o gás para a Bahiagás.
Dependendo do comportamento da demanda da distribuidora, no entanto, a Alvopetro pode buscar oportunidades de diversificação de sua base de clientes. No segundo trimestre, por exemplo, a retirada de volumes pela distribuidora baiana ficou abaixo do esperado.
A produtora canadense avalia, no futuro, conectar-se à malha da Transportadora Associada de Gás (TAG) — o que permitiria à companhia vender o seu gás a outros clientes. Oliveira, no entanto, considera os custos de transporte no Brasil elevados.
A decisão dependerá, também, do comportamento de demanda da Bahiagás, com a qual a petroleira tem contrato de suprimento de longo prazo.
A Alvopetro vê oportunidades no mercado livre, sobretudo no Polo Petroquímico de Camaçari. O acesso à rede da Bahiagás facilita.
“A Bahia tem uma situação única onde a demanda de gás excede a produção de gás, por isso nos sentimos bem posicionados para ser um fornecedor estratégico de gás natural no estado da Bahia”, disse Oliveira.
Acesso à infraestrutura
Como dona de uma UPGN, a petroleira também acompanha com atenção os desdobramentos da regulamentação do acesso de terceiros às infraestruturas essenciais.
O assunto está na agenda regulatória da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deste ano e ganhou novos contornos com o novo decreto da Lei do Gás.
A nova regulamentação trouxe um comando objetivo: em 180 dias (até o fim do 1º bimestre de 2025), os operadores das infraestruturas existentes deverão apresentar à aprovação da ANP uma proposta de Base Regulatória de Ativos (BRA).
A valoração da BRA serve como componente no cálculo das tarifas e deverá ser calculada com “metodologia amplamente reconhecida, que considere a depreciação do ativo, amortização do investimento e remuneração de capital”. O decreto também diz que a ANP poderá adotar um valor transitório para base regulatória de ativos.
Sem entrar em maiores detalhes, Oliveira disse que a Alvopetro está aberta a colaborar com a ANP na discussão de “mecanismos para uma regulamentação adequada”, com base em experiência de outros países; e que a petroleira está “totalmente aberta” ao compartilhamento de sua infraestrutura.