Na Década dos Oceanos, energia limpa será desafio adicional para cumprir metas do Acordo de Paris

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Gabriel Chiappini,
Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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Energia limpa será desafio adicional na Década dos Oceanos

Coalizão para Ações em Energia Renováveis nos Oceanos (OREAC), liderada pela Ørsted e pela Equinor, anunciou nesta segunda (8), a meta de atingir 1.400 GW de capacidade instalada em eólicas offshore no mundo até 2050.

Esta potência abasteceriam um décimo da demanda global de eletricidade, economizando mais de 3 bilhões de toneladas de CO2 por ano, algo como tirar 800 milhões de carros das ruas.

Meta anunciada no Dia Mundial dos Oceanos, que marcou o lançamento da Década dos Oceanos. O dia foi criado durante a Rio 92, pela Organização das Nações Unidas, para promover a conservação de espécies e habitats, diminuir a poluição e a escassez de recursos pela sobrepesca.

“A atual crise do COVID-19 nos forçou a dar um passo atrás e repensar o futuro que queremos criar para a próxima geração. Voltar ao “normal” não é uma opção se queremos construir economias mais resilientes e caminhos de desenvolvimento sustentáveis que beneficiem todos os cidadãos”, afirmou Stephen Bull, vice-presidente Sênior de Energia Eólica Offshore da Equinor, no anúncio.

Números da OREAC indicam que energias renováveis ​​marinhas, como eólica offshore, energia solar flutuante e energia das marés e ondas, podem contribuir com até 10% das reduções anuais de emissões de gases de efeito estufa (GEE) necessárias para permanecermos em linha com o Acordo de Paris.

Um estudo (pdf) elaborado pelo Banco Mundial indica que o Brasil possui potencial para 480 GW eólicos offshore a partir de turbinas fixas e outros 748 GW eólicos offshore, a partir de turbinas flutuantes…

Outro (pdf), encomendado pelo Ocean Panel, estima que até 85% desse potencial de descarbonização será proveniente de energia eólica offshore – Ocean Panel é uma iniciativa que reúne 14 lideranças globais, com o objetivo de acelerar soluções sustentáveis para a economia oceânica.

Entre os líderes estão Sebastián Piñera, presidente do Chile, López Obrador, presidente do México, Erna Solberg, primeira ministra da Noruega, e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá. O Brasil não faz parte do grupo.

“Trabalhar em conjunto com outras tecnologias, como o hidrogênio renovável, pode reforçar ainda mais a capacidade da energia eólica offshore de impulsionar economias de todo o mundo de maneira sustentável e a custo baixo”, avalia Benj Sykes, Chefe de Desenvolvimento de Mercado e Assuntos Externos da Ørsted.

A OREAC estima que a energia eólica offshore pode gerar cerca de 24 milhões de anos de emprego até 2050 (uma pessoa trabalhando em tempo integral durante um ano), se a proposta de 1.400GW for alcançada.

Potencial calculado usando os dados da IRENA e abrange toda a cadeia de valor de energia eólica offshore, desde a aquisição, passando por construção e descomissionamento – Rabia Ferroukhi, diretora da organização, apresentou estudos para o Brasil em recente webinar do Instituto E+ Transição Energética.

O início da Década dos Oceanos teve a adesão da Total à Getting to Zero Coalition, que pretende ajudar empresas dos setores marítimo, de energia, de infraestrutura e financeiro a atingir a meta estabelecida pela Organização Marítima Internacional (IMO) para reduzir as emissões de GEE no transporte marítimo em pelo menos 50% até 2050, em comparação com 2008.

Pretende, por meio de seus membros, colocar embarcações comercialmente viáveis, alimentadas por combustíveis de emissão zero, em operação até 2030. A Total vai contribuir com projetos de combustíveis, lubrificantes marítimos e tecnologias de emissão zero para navios.

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Eólica e solar deslocam carvão com redução de custos, indica IRENA

A substituição dos 500 GW de carvão por projetos de energia solar fotovoltaica e eólica onshore pode gerar estímulo a US$ 940 bilhões em investimentos no próximo ano, o que equivale a cerca de 1% do PIB global.

Números da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) indicam que a troca do carvão por fontes renováveis pode reduzir os custos do sistema de energia em até US$ 23 bilhões a cada ano.

Além de jogar para baixo as emissões anuais em cerca de 1,8 GT de dióxido de carbono (CO2), equivalente a 5% do total de emissões globais de CO2 em 2019.

Os dados fazem parte de relatório (.pdf) divulgado na última semana e que indicam que as novas usinas de energia solar fotovoltaica (PV) e eólica onshore custam menos do que manter muitas usinas de carvão existentes em operação

 Os custos de energia solar fotovoltaica caíram 13% em 2019, atingindo uma média global de 6,8 centavos de dólar (0,068 USD) por kWh.

Já os projetos eólicos onshore e offshore reduziram seus custos em 9%, atingindo US$ 0,053/kWh e US$ 0,115/kWh, respectivamente.

  “O argumento para a nova e grande parte da geração de energia de carvão existente é ambientalmente e economicamente injustificável ”, disse Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA.

Curtas

A União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) calcula que entre março de 2003 (data de lançamento da tecnologia flex) e maio de 2020, o consumo de etanol (anidro e hidratado) no Brasil evitou a emissão de mais de 515 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Volume é equivalente às emissões anuais somadas de Argentina, Venezuela, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai. epbr

O CNPE aprovou na semana passada as diretrizes para a venda direta de etanol hidratado entre usinas e postos de combustíveis ou revendedores retalhistas (TRR). Regulamentação está em estudo na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que será responsável por implementar a medida. epbr

O Aeroporto Internacional de Brasília está a um passo para começar a produzir a própria energia elétrica. Concessionária responsável pelo terminal, a Inframerica afirmou que está na fase final da construção de uma unidade de usina fotovoltaica para geração de energia de fonte solar que servirá para abastecer parte do consumo do terminal aéreo. Metropólis

O governador de Tocantins, Mauro Carlesse (DEM), sancionou um projeto de lei que garante energia solar nas novas construções de escolas da rede estadual. Altera a Lei 3.179 de 2017, que instituiu a política de incentivo à geração e ao uso de energia solar (Pró-Solar).  Portal Solar

“Espera-se que até o final do ano esteja concluído o processo de regulamentação do diesel verde”, afirmou José Gutman, diretor-geral da ANP, semana passada, durante webinar de lançamento da Biocoalizão — iniciativa que reúne entidades representativas dos biocombustíveis e políticos da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel e da Valorização do Setor Sucroenergético. epbr

Por falar em diesel verde, está no ar a reprise do workshop virtual HVO e biocombustíveis avançados: o que esperar para os próximos anosproduzido pela Ubrabio e pela epbr. Contou com a participação de Carlos Orlando Henrique, que atualizou como está a regulação do combustível na ANP, e diversos especialistas sobre o tema. Reveja

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