Petrobras eleva preços do diesel pela 1º vez no ano

Refinaria Gabriel Passos (Regap) – Petrobras tenta concluir venda de metade da capacidade de refino até o fim do ano (foto: Washington Alves/Agência Petrobras)
Refinaria Gabriel Passos (Regap) – Petrobras tenta concluir venda de metade da capacidade de refino até o fim do ano (foto: Washington Alves/Agência Petrobras)

A Petrobras decidiu elevar os preços médios cobrados pelo diesel em 8% a partir desta terça (19), na primeira alta do ano, marcando uma correção frente à trajetória do mercado internacional, que registra forte valorização nas últimas semanas.

Os preços da gasolina, que tiveram a sequência de cortes interrompida mais cedo, ficam inalterados. Entre 7 e 14 de maio, a Petrobras reajustou a gasolina em +11,88% e +9,91%, na média, em seus pontos de entrega de todo o país.

Os preços praticados pela petroleira ainda acumulam uma desvalorização da ordem de 40% este ano e apresentam defasagem em relação ao combustível importado, segundo informações da agência Reuters.

“O aumento [de 8% no diesel] ainda é insuficiente para fazer frente à alta que a gente teve no mercado internacional, considerando a forte alta que estamos tendo no preço do diesel agora no mercado internacional a gente já está mais de 20 centavos defasado (…) A gasolina segue ainda bem defasada, a gente está entre 15 e 20 centavos de reajuste também atrasado… ela vem atrasando bastante os reajustes”, afirmou o chefe da área de óleo e gás da INTL FCStone, Thadeu Silva, à Reuters.

A Abicom, que representa importadores de combustíveis, calcula a defasagem entre o cobrado pela Petrobras e os preços de importação, mais caros, variavam de 20 a 40 centavos por litro, no caso do diesel, e de 21 a 30 centavos na gasolina. Situação do mercado na sexta (16).

Comparativos de preços nacionais e internacionais de combustíveis (ANP)

Balanço da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indica que os preços de paridade de importação (PPI) nos portos nacionais apresentaram elevação na semana de 4 a 8 de maio, subindo entre 4,90% (Tramandaí) e 9,32% (Suape). No mesmo período, houve valorização de 15,57% na cotação de referência do diesel (ULSD NYH, Argus Media) e desvalorização do 2,94% do real frente ao dólar. O preço da Petrobras estava mantido desde 27 de abril, quando foi feito corte de 9,96%.

Informações do relatório da ANP, fechado em 16 de maio (.pdf).

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Reajustes na gasolina ajudam competitividade do etanol

Os preços do etanol hidratado avançaram, mantendo a competitividade frente à gasolina em São Paulo. Segundo Indicador CEPEA/ESALQ, entre 11 e 15 de maio, o litro do hidratado foi comercializado pelos produtores a R$ 1,3931  por litro, sem a incidência de impostos estaduais e federais. Alta de 0,77% na semana. O anidro, que é misturado à gasolina, subiu para R$ 1,5424/litro (sem PIS/Cofins) na semana, aumento de 0,55%.

No mercado paulista, principal do país para biocombustível, o preço médio do hidratado representou 63,8% do preço da gasolina comum – o limite para o etanol ser mais econômico para o consumidor é de 70%. A vantagem é percebida há sete semanas. Os reajustes da gasolina, promovidos pela Petrobras, ajudam no saldo positivo para os usineiros.

Há preocupação é com demanda por combustíveis, diante da desaceleração das atividades econômicas, e das incertezas no mercado global de óleo. “No geral, incertezas quanto aos reflexos da pandemia do coronavírus sobre o consumo de biocombustíveis e o preço do petróleo no mercado internacional preocupam o setor como um todo”, analisa a CEPEA/ESALQ.

Há mais de duas semanas, o mercado promove um rali de preços do petróleo, incentivado pela entrada em vigor e ampliação de cortes de produção e otimismo com a contenção da covid-19 em importantes mercados dos EUA e da Europa, além de focos de retomada na China – em especial, sinais de aumento da ocupação da refinarias e de importações.

Nesta segunda (18), cotações do petróleo saltaram para a máxima de dois meses, com futuros do Brent para entrega em julho fechado com alta de 7,1%, (US$ 34,81 por barril) e o WTI nos Estados Unidos, com valorização de 8,1% (R$ 31,82 dólares).

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