O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou nesta quarta (14) que não acredita na capacidade do acordo para controle de produção de petróleo, capitaneado por Rússia e OPEP, em restringir o impacto da queda do preço da commodity no mercado mundial.
Um grupo de mais de 20 países produtores, integrantes e de fora do cartel, anunciaram esta semana a decisão de cortar de 9,7 milhões de barris por dia por dois meses. Há previsões que, em abril, a demanda pode recuar em 29 milhões de barris/dia.
“Eu não acredito que a OPEP tenha capacidade de fornecer preço. Quem vai fiscalizar esse acordo? Quem vai punir quem não cumprir o acordo? Quais punições serão aplicadas?”, questionou o presidente da Petrobras, afirmando que nem sequer a Arábia Saudita costuma cumprir os acordos da OPEP.
Castello Branco falou durante webinar promovido pela FGV Energia e pela epbr, ao lado do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr.
Demissões não são uma opção
O foco da Petrobras, disse, é conviver com um ambiente de preço de 25 dólares por barril e, para isso, a empresa está intensificando cortes de gastos. Afirmou, porém, que a redução de produção não significa demissões.
“Essa opção não está sob a mesa”, afirmou, antes de lembrar que a companhia precisa ter em mente seu “papel social” com o objetivo de proteger também a sociedade como um todo.
“Temos procurado fazer o máximo para salvar empregos e ao mesmo tempo manter a saúde dos nossos empregados com home office”, disse. Para ele, o isolamento social é a única forma de combater a pandemia.
Castello Branco frisou que o processo de desinvestimento da empresa continua intacto, mas a venda de ativos sofrerá atrasos e como exemplo a venda da participação na Liquigás, que tem que obedecer aprovações do Cade.
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Revendedores de GLP devem ser “bons capitalistas”
O executivo afirmou que a Petrobras tem feito um “esforço extraordinário” para importar cargas de GLP e, em abril, comprou 350 mil toneladas do combustível, “mais do que suficiente para, junto da nossa produção, suprir o mercado brasileiro com sobras”.
“O que se espera é que na ponta os revendedores de combustíveis e de GLP se comportem como bons capitalistas e repassem para o consumidor final os cortes de preço que a Petrobras tem aplicado”, criticou.
O presidente da Petrobras ainda detalhou a queda no consumo por combustíveis. De acordo com ele, a demanda por QAV (combustível de aviação) é 15% da que era no período pré-crise.
E defendeu decisão de não focar investimentos em energias renováveis. Entende que isso não coloca a Petrobras na contramão do caminho trilhado por outras grandes petroleiras. “[A Petrobras] já perdeu muito dinheiro entrando em áreas onde não tinha o menor conhecimento”.
“Não vamos entrar no negócio só porque é uma onda, [porque] é moda investir em renováveis”, afirmou.
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