BRASÍLIA – Em áudio enviado a parlamentares, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirma que deputados só devem ir ao plenário da casa “se houver acordo para votar matérias relacionadas ao coronavírus”. Diz ainda que “ninguém vai colocar 300 deputados no plenário”, mas sugeriu que os parlamentares permaneçam em Brasília, ativos para tratar de projetos sobre a doença.
“Acho que o parlamento não estar funcionando neste momento, onde ele é parte da solução, a sociedade vai ficar mais assustada ainda, mas claro que não é pra ficar todo mundo no plenário”, disse Rodrigo Maia aos colegas.
“A gente constrói o acordo antes, fora, pelo WhatsApp, conversando pelo telefone, em alguns casos duas pessoas juntas, três conversando”, completou na mensagem, em que reforçou a necessidade de reduzir a circulação de pessoas na Câmara dos Deputados. O áudio foi enviado às bancadas dos partidos, como orientação para os trabalhos legislativos desta semana.
Nesta segunda (16), o ministro da Economia, Paulo Guedes defendeu, em entrevista à Folha de São Paulo, que deputados e senadores deveriam aprovar a privatização da Eletrobras, a PEC Emergencial e a Emenda Mansueto, que ajuda a liberar recursos para estados em crise fiscal. Tudo isso em três semanas – Paulo Guedes defendeu que o parlamento não pare e, se preciso, que funcione de forma remota.
Com o tempo reduzido devido à pandemia do coronavírus e à eleição municipal no segundo semestre, Guedes aponta três medidas mais urgentes para votação, incluindo a privatização da Eletrobras.
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“Temos três semanas, posso indicar as três medidas mais urgentes. Se aprovarem a Eletrobras temos R$ 16 bilhões. Fica agora no Orçamento e vendo no segundo semestre. Já dá para aprovar a PEC Emergencial, e a Emenda Mansueto, que ajuda os Estados. Aí temos entre R$ 12 bilhões e R$ 14 bilhões”, disse.
O projeto de privatização da Eletrobras, entregue pelo governo em novembro do ano passado, segue na Câmara dos Deputados, sem tramitação, já que o governo não conseguiu articular um interesse mínimo pela aprovação da matéria no Senado. Rodrigo Maia vem afirmando nos bastidores, desde o ano passado, que a privatização demandará um esforço, que será em vão, se o projeto estiver destinado a morrer no Senado.
Na semana passada, o senador Nelsinho Trad (PSD/MS) foi diagnosticado com coronavírus após ter viajado com Bolsonaro para os Estados Unidos. O senador esteve presente na semana passada em sessão do Congresso Nacional e há casos de servidores diagnosticados com o vírus na Câmara dos Deputados.
Ao todo, onze membros da comitiva presidencial, dez deles brasileiros, estão doentes pela exposição ao novo coronavírus, segundo balanço feito pelo G1, neste domingo.
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Não seremos responsáveis pelo aprofundamento da crise, afirma Maia sobre impeachment
Rodrigo Maia afirmou ao Valor Econômico, nesta segunda (16) que o parlamento não será responsável pelo aprofundamento da crise, colocando em pauta um pedido de impeachment de Bolsonaro.
“Nós já temos muitos problemas no Brasil para a Câmara ou o Senado serem responsáveis pelo aprofundamento da crise. Nós não seremos responsáveis por isso. Às vezes, me dá a impressão que o governo quer isso. Nós não seremos responsáveis por isso. Todos nós fomos eleitos. O presidente teve 57 milhões de votos, os deputados tiveram 100 milhões de voto”, afirmou o presidente da Câmara.
O presidente da República, após ter sido, ele próprio, um caso suspeito de contaminação com o coronavírus, deixou o isolamento no domingo (15) para cumprimentar manifestantes reunidos em um protesto à favor do governo, em Brasília.
Bolsonaro passou todo o domingo incentivando as manifestações em várias cidades brasileiras, que ocorreram na contramão das recomendações do seu próprio Ministério da Saúde, comandando por Luiz Henrique Mandetta.
A já combalida relação do governo Bolsonaro com o parlamento foi acirrada no início de 2020 pela disputa pelos recursos da União e o vai e vem das negociações , com recuos do governo federal, sobre o controle do dinheiro por meio de emendas impositivas.
A disputa pelo orçamento ganha mais relevância em um momento de volatilidade nos mercados internacionais, com efeito direto na arrecadação brasileira, com a queda nos preços das commodities, e impactos na atividade econômica.
Nesta segunda (16), a guerra de preços do petróleo, desencadeada por Arábia Saudita e Rússia e a deterioração das expectativas dos mercados financeiros no curto prazo levam o preço de referência do petróleo a ser negociado abaixo de US$ 30, em uma queda acentuada que beira os 12% no dia.
Em janeiro, o Brent chegou a ser negociado por mais de US$ 70 após a morte, pelo governo dos EUA, do líder militar iraquiano Qasem Soleimani, no Iraque.
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