Brasil está entre os mercados emergentes mais promissores para energias renováveis, aponta BloombergNEF

Até 2026, o país pode chegar a pelo menos 33 GW de capacidade instalada, segundo a Abeeólica. Na imagem: Aerogerador de energia eólica com céu azul ao fundo e poucas nuvens (foto: Lars Schmidt/Vestas)
Até 2026, o país pode chegar a pelo menos 33 GW de capacidade instalada, segundo a Abeeólica (Foto: Lars Schmidt/Vestas)

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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O Brasil está entre os cinco mercados emergentes mais atraentes para investimentos no setor de energia renovável, de acordo com Climatescope 2019, produzido pela BloombergNEF.

O relatório considera indicadores de 104 mercados emergentes em transição energética, para medir a capacidade dos países de atrair capital para fontes de energia com baixa emissão de carbono.

O Brasil figura na terceira posição, atrás de Índia e Chile, e é apontado como promissor sobretudo graças ao avanço da energia eólica e solar fotovoltaica na matriz energética, que chegou a 18% em 2018. É um dos países com menor risco para geradores independes, entre os pares no topo do ranque.

De acordo com os indicadores considerados no estudo, o que inclui métricas de facilidade para fazer negócios, os leilões programados para os próximos dois anos no Brasil tornam-se ainda mais atraentes, com arrefecimento da crise macroeconômica.

O relatório destaca que o Brasil atraiu quase US$ 56 bilhões em novos investimentos para usinas de energia limpa entre 2009 e 2018 – maior mercado da America Latina –, totalizando 28 GW de energia renovável na matriz energética.

A BloombergNEF conclui que a política energética brasileira é “abrangente e convidativa” para investimentos em renováveis e lembra que o país busca reduzir sua dependência de usinas hidrelétricas.

China, Índia e Brasil lideram atração de investimentos em energias limpas, entre países monitorados pela BloombergNEF

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Índia acelera a substituição do carvão e toma o topo do ranque. O Climatescope 2019 cita que o governo indiano estabeleceu uma das metas mais ambiciosas para promoção de energias renováveis do mundo, visando a instalação de 175 GW até 2022, sendo 100 GW provenientes da energia solar e 60 GW de fonte eólica.

A matriz energética da Índia conta com quase 25% de fontes renováveis. No total, são 81 GW capacidade do total de 356 GW.

O relatório elogia o ritmo do crescimento das fontes renováveis, em que novas adições de capacidade ultrapassaram o crescimento da indústria de carvão em 2017. Em 2018, o país ampliou em 19 GW a capacidade de geração com renováveis.

No Chile, destaque para a meta do governo, que prevê 20% de energia consumida em serviços públicos a partir de fontes renováveis até 2025. Depois de mais dez anos, a meta sobe para 60%.

O relatório, no entanto, ressalta que os recentes protestos contra o governo certamente abalaram o ambiente de investimentos no país – o que não afetou a pontuação do país no ranking da BloombergNEF, que é baseado em dados coletados até o fim de 2018.

Alerta também para os gargalos no sistema de transmissão, por problemas na interconexão dos dois subsistemas existentes no país – vem afetando em especial a geração solar, concentrada em regiões de menor consumo e com barreiras para escoamento para os maiores centros urbanos.

China derruba investimentos em energia limpa. Em quarto lugar no ranking, a China viu seus investimentos em caírem abruptamente em 2018 frente aos dados, puxando o resultado global para baixo.

O país investiu US$ 86 bilhões em renováveis em 2018. Em 2017 o total de investimentos na melhora do perfil da matriz energética chinesa foi de US$ 122 bilhões. O carvão ainda lidera, com 54% da capacidade e 65% da geração atual…

… Mas os valores caíram quase 10 pontos percentuais em seis anos. Atualmente a geração eólica e solar soma 20% da capacidade da matriz energética do país e 8% da geração. A velocidade dessa transformação mostra a capacidade da economia chinesa – e o peso na indústria mundial, em caso de abalos econômicos.

A transformação regulatória é outro trunfo da China destacado pelo Climatescope 2019. Inovações recentes são a permissão de comércio de direitos de geração e a ampliação da integração entre diferentes regiões do país, mas permanence as incertezas sobre quão aberto o país está a novas empresas e modelos de negócio.

Quênia altera regulação para tentar atrair investimentos. Único país africano no topo da lista, é visto como uma promessa para o setor por aumentar a contribuição de fontes renováveis para sua rede, como solar, eólica e geotérmica.

Em 2018 as fontes renováveis (excluindo hidrelétricas) representaram 38% da capacidade do país e 49% da geração. No mesmo ano, os investimentos em energia limpa atingiram o recorde de US$ 1,4 bilhão, o que aponta para um crescimento sustentado das fontes limpas.

O relatório ressalta o avanço regulatório do país, com a atual mudança na regra de compensação da energia gerada de forma distribuída.

O governo tenta redesenhar o mercado, retirando incentivos da microgeração, para atrair investimentos para sistemas de maior capacidade, centralizados, por meio de leilões.

Curtas

Associados da Ubrabio desistiram dos processos que poderiam levar à impugnação do 71° leilão de biodiesel da ANP, o L71. Questão partiu das empresas Biopar Parecis, Bio Vida, Brejeiro, Prisma e Unibras.

“As empresas associadas à Ubrabio estão unificadas em uma visão de longo prazo para o setor de biodiesel e o foco atual é atender o mercado, que se prepara para o início da mistura obrigatória de 12% de biodiesel no diesel, o B12, em 1° de março”, informou a Ubrabio.

As chuvas neste início de 2020, que estão afetando, em especial, as cidades mineiras, podem se intensificar no interior, prejudicando também a produção agrícola no Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba, afetando a colheita da soja. Globo Rural

Com a aproximação do ano legislativo, o Observatório do Clima lançou uma campanha para colocar em evidência o projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental. A organização defende uma lei geral, como forma de uniformização do processo, mas critica as iniciativas que transferem poder para os estados e eliminam a necessidade de licenciamento, em alguns casos…

… Que são medidas defendidas pelo relator, deputado Kim Kataguiri (DEM/SP), com apoio do governo e da bancada ruralista. O projeto é discutido há anos na Câmara dos Deputados e não foi incluído nas prioridades do Planalto para 2020, mas Kataguiri, em seu primeiro mandato, tem se esforçado pela tramitação do tema. Veja um histórico em epbr.

Aliás, o licenciamento ambiental de campos maduros da Petrobras no Nordeste avançou no Ibama. Fica mais fácil vender ativos, que se revitalizado serão novas fontes de óleo, ao mesmo tempo que o desenvolvimento do mercado independente na região cria uma expectativa de maior oferta de gás natural.

A prefeitura de Uberaba (MG) lançou o edital para construção de usinas solares por meio de parcerias público-privadas. Concorrência por contraprestação de fornecimento de energia, em contrato de 25 anos. Informações no site da prefeitura.

BNDES aprovou financiamento de R$ 1 bilhões para a EDP construir seis novos parques eólicos nos municípios de Jandaíra, Lajes e Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte. Os parques terão capacidade instalada de 319,2 MW e começam a ser construídos e 2021.

Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta (29) que o banco vai focar em gás natural, saneamento e meio ambiente (Folha). “Temos um mar de possibilidades pela frente até porque somos talvez o maior ativo florestal do mundo, em termos de área e em termos de valor econômico e financeiro.”

Cade aprovou essa semana a compra pela Brookfield (Reuters) de um complexo solar no Ceará com 278 MW de capacidade, que marcará a entrada do grupo canadense no mercado brasileiro de geração fotovoltaica.

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