Com informações da Reuters e Folha de S. Paulo
A justiça eleitoral da Bolívia anunciou que as novas eleições do país serão realizadas em 3 de maio. O país está sob um governo interino da senadora Jeanine Áñez, conservadora e de oposição ao MAS, partido do ex-presidente Evo Morales, exilado e acusado de fraude eleitoral.
Os novos quadros da autoridade eleitoral do país tomaram posse em dezembro, etapa necessária após os antigos ministros terem sido destituídos dos cargos e processados por acusações de fraude na eleição de outubro, que havia reelegido Evo Morales, pela quarta vez seguida. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também aponta irregularidades no pleito.
Evo Morales, exilado na Argentina, não poderá concorrer. O MAS ainda não definiu um candidato. Segundo informações da Folha de S. Paulo, estão confirmados os nomes de Carlos Mesa, ex-presidente que ficou em segundo lugar na eleição de outubro, o pastor sul-coreano Chi Hyung Chun, conservador que ficou em terceira lugar e Luis Fernando Camacho, apelidado de “Bolsonaro boliviano”.
A eleição e o estabelecimento de um novo governo eleito na Bolívia terá reflexos no mercado de gás brasileiro, que importa o energético por meio do Gasbol, operado pela TBG, e passa por um momento de abertura da sua capacidade, até o momento 100% utilizada pela Petrobras.
Além da formação de um novo Ministério de Hidrocarbonetos, caberá ao novo presidente indicar o comando da estatal YPFB, responsável pela comercialização e produção do gás.
Em dezembro, o ministro interino de de Hidrocarbonetos, Victor Hugo Zamora, afirmou à epbr que pretende definir a comercialização de gás natural para o Brasil até março de 2020. O político esteve no Brasil, reunido com o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com o diretor diretor-geral da ANP, Décio Oddone, e com a diretora de Gás e Refino da Petrobras, Anelise Lara.
[sc name=”adrotate”]
Gasbol segue 100% Petrobras
Diretamente com a Petrobras, a YPFB precisa definir os critérios para venda do gás e despacho dos volumes pagos, mas não fornecidos no atual acordo take-or-pay. Nesse modelo, o vendedor (YPFB) tem uma garantia de receita independe da demanda por gás da compradora (Petrobras), que em troca garante o seu suprimento.
A estimativa é que a Petrobras leve três anos para consumir os volumes pagos, mas não entregues pela YPFB.
Apesar da chamada pública para contratação de 18 milhões de m³/dia capacidade do Gasbol, encerrada no fim do ano passado, a Petrobras continuou como a única importadora. A própria crise boliviana atrapalhou as negociações de outras empresas com a YPFB.
Ficou acordado com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que a Petrobras deverá renunciar de parte da sua capacidade exclusiva no gasoduto em 2020 e uma nova chamada pública será aberta em “momento oportuno”, sem a participação da estatal.
Será uma nova tentativa de entrada de terceiros na importação de gás boliviano e comercialização no Brasil, sem controle da Petrobras. A companhia afirma que pretende reduzir a sua capacidade contratual de importação para 20 milhões de m³/dia, dos 30 milhões de m³/dia atuais.
Se novos carregadores não conseguirem contratar com a YPFB, a Petrobras fica obrigada a realizar o chamado gas release, uma oferta do energético boliviano, sob supervisão da agência regulatória.
[sc name=”podcast”]