Com informações de agências
Os ministérios da Economia, Relações Exteriores e Agricultura informaram em nota que o governo brasileiro já busca interlocutores em Washington para tentar reverter a iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sobretaxas à importação de aço brasileiro.
De acordo com a nota, o governo brasileiro trabalhará para defender o interesse comercial brasileiro e assegurar a fluidez do comércio com os EUA, com vistas a ampliar o intercâmbio comercial e aprofundar o relacionamento bilateral, em benefício de ambos os países.
[sc name=”adrotate”]
Entenda o caso
Na manhã de segunda (2), Trump afirmou pelo Twitter que “Brasil e Argentina têm promovido uma desvalorização massiva de suas moedas” e afirmou que iria restaurar imediatamente tarifas de importação sobre aço e alumínio importado dos dois países.
Trump ainda instou o Federal Reserve a agir para evitar que outros países “sigam tirando proveito do dólar forte”, o que, segundo ele, torna mais difícil as exportações de fabricantes e agricultores norte-americanos.
Brazil and Argentina have been presiding over a massive devaluation of their currencies. which is not good for our farmers. Therefore, effective immediately, I will restore the Tariffs on all Steel & Aluminum that is shipped into the U.S. from those countries. The Federal….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 2, 2019
Ainda nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração evasiva sobre a afirmação de Trump acerca da imposição de tarifas. O presidente brasileiro afirmou que “se for o caso” conversará com seu colega norte-americano. Ele ainda afirmou que a declaração de Trump não é uma retaliação.
“Vou conversar com o (ministro da Economia) Paulo Guedes e depois ligo pro Trump”, disse Bolsonaro a jornalistas na porta do Palácio da Alvorada. Mais tarde, em entrevista à Rádio Itatiaia, Bolsonaro afirmou ter quase certeza de que Trump se sensibilizará com seu contato.
“A alegação dele, no Twitter dele, é a questão das commodities. A nossa economia basicamente vem dos commodities. É o que nós temos e espero que tenha o entendimento dele que não nos penalize no tocante a isso. E tenho certeza, tenho quase certeza que ele vai nos atender”, disse Bolsonaro.
À tarde, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que a medida anunciada por Trump não preocupa o governo e não altera o interesse do Brasil de se estreitar relações com Washington.
“Essa medida não nos preocupa e não nos tira desse trilho rumo à uma relação mais profunda”, disse o ministro em cerimônia no Palácio do Planalto. Ele ainda negou que Bolsonaro vá ligar para o presidente norte-americano e frisou que o momento é de avaliar a situação em nível técnico.
Em evento na Fiesp, o vice-presidente Hamilton Mourão também comentou a declaração de Trump. Segundo ele, o Brasil não desvaloriza artificialmente sua moeda e a declaração do mandatário norte-americano “é característica desta tensão geopolítica que está acontecendo, que gera protecionismo”.
Em 2018, Trump havia feito uma declaração parecida, com a ameaça de sobretaxar a importação de aço de outros países em 25% e do alumínio em 10%. Hoje a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) lembrou que desde junho daquele ano as exportações brasileiras de alumínio para os EUA já pagam sobretaxa, condição que foi negociada entre os dois países.
No Brasil, analistas de mercado já preveem que, caso o real se mantenha desvalorizado frente à moeda estrangeira e outras pressões inflacionárias, como a alta da carne bovina, permanecerem, as expectativas quanto ao IPCA podem ser revistas para cima.
[sc name=”newsletter”]